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    Gestão Alckmin liberou supersalário de investigado em caso da merenda

    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE SÃO PAULO

    05/10/2016 02h00 - Atualizado às 07h53

    Prefeitura de Andradina
    Luiz Roberto dos Santos, o Moita, que é suspeito de envolvimento em desvios na merenda escolar
    Luiz Roberto dos Santos, o Moita, que é suspeito de envolvimento em desvios na merenda escolar

    O ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Luiz Roberto dos Santos, o Moita, suspeito de envolvimento em desvios na merenda escolar, recebeu acima do teto do funcionalismo em 2015, mas, em agosto deste ano, foi dispensado pelo governo de devolver os valores indevidos.

    Nesta terça-feira (4), após ser questionado pela Folha, o governo afirmou que o processo que foi favorável a Moita "está sendo revisto". O governo não informou quanto Moita recebeu acima do teto.

    Moita foi chefe de gabinete da Casa Civil até 18 de janeiro. Ele foi exonerado um dia antes da deflagração da operação Alba Branca e hoje está na CPTM (estatal de trens), onde é servidor de carreira.

    Em 19 de agosto, despacho do secretário de Planejamento, Marcos Monteiro, no "Diário Oficial" dispensou Moita de fazer a "reposição de quantias indevidas percebidas durante o período de março a setembro de 2015, a título de Gratificação de Representação, em razão das quais foi ultrapassado o teto".

    O teto para servidores do Executivo paulista é R$ 21.631.

    GRAMPO

    Como chefe de gabinete da Casa Civil, em dezembro do ano passado, Moita caiu em um grampo da polícia orientando um lobista da Coaf, a cooperativa suspeita, sobre um contrato com a Secretaria Estadual de Educação.

    A Coaf é suspeita de fraudar licitações e pagar propina a agentes públicos em contratos para fornecer suco de laranja. Um dos políticos citados é o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB). Ele nega.

    No grampo, Moita diz ao lobista Marcel Ferreira Julio: "Acabei de falar com o Padula e ele entende, assim como eu, que não é aditivo, é reequilíbrio econômico".

    Padula, a quem Moita se refere, é Fernando Padula, ex-chefe de gabinete da Educação exonerado em meio às apurações e depois nomeado por Alckmin para coordenar o Arquivo Público do Estado.

    À Corregedoria Geral da Administração (CGA), ligada ao governo, Moita confirmou que falou com Padula e com o lobista sobre o contrato da Coaf. Ele ainda teria recebido um freezer da cooperativa, destinado ao bar de um amigo, no litoral paulista.

    A CGA concluiu que, embora Moita tenha extrapolado sua função, não há provas de que tenha ganhado propina. O órgão também isentou Padula de irregularidades.

    Ambos devem ser ouvidos na CPI da Merenda, na Assembleia, nesta quarta (5).

    Objeto da conversa entre Moita e o lobista da Coaf, o pedido de reequilíbrio econômico foi protocolado na Secretaria da Educação, mas sumiu.

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