• Poder

    Saturday, 04-May-2024 23:17:33 -03

    ANÁLISE

    Governo adere ao primeiro-damismo para suavizar imagem sisuda e masculina

    NATUZA NERY
    EDITORA DO PAINEL

    06/10/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Brasilia, DF, Brasil 05.10.2016 A primeira-dama Marcela Temer foi ao PalAcio do Planalto na manhA desta quarta-feira (5), ao lado do presidente Michel Temer, para participar do lanCamento do programa CrianCa Feliz, do qual sera embaixadora Foto:Pedro Ladeira/Folhapress cod 4847
    A primeira-dama Marcela Temer participa do lançamento do programa Criança Feliz

    Nunca o atual governo sorriu tanto. Fotos e vídeos do discurso de estreia de Marcela Temer pululavam nas redes sociais.

    Ao contrário das menções em geral mais negativas à gestão de Michel Temer na internet, as que predominaram nesta quarta-feira (5) foram referências positivas, até elogiosas. Tudo por causa da primeira-dama.

    Durante o evento de lançamento do Criança Feliz programa voltado para a primeira infância, mas sem formato até agora muito claro– um assessor ficou surpreso.

    "Quando ela apareceu, a plateia se entortou para vê-la. Quando acabou, todos queriam chegar perto dela, não do presidente", disse, sob condição de anonimato.

    A descrição do auxiliar e o impacto que a estreia de Marcela provocou ao longo do dia dão pistas do que veremos nos próximos dois anos.

    Para quem tem calafrios com o primeiro-damismo –acha antiquado e até machista–, um recado: a exploração da imagem da primeira-dama veio para ficar.

    Ministros estão convencidos de que a jovem Marcela, 33, traz frescor a um governo sisudo, masculino e repleto de cabeças brancas.

    Nas palavras de um estrategista, o Planalto não está interessado em dar à mulher de Temer a aura de formuladora nem de gestora de programa social, como tinha a intelectual Ruth Cardoso, mulher de FHC.

    Assessores dizem que partiu de Marcela o desejo de ser embaixadora de um programa como o Criança Feliz por ter identidade com os temas da infância e da maternidade, mesmo não sendo uma especialista no assunto.

    Quem é contra a função de primeira-dama, sobretudo quando é atrelada a campanhas sociais menos estruturais, como a do agasalho, por exemplo, diz que o posto reforça o estereótipo da mulher que cuida de casa, dos filhos e da família.

    Já para os defensores da ideia, a instituição joga luz e audiência sobre causas públicas importantes.

    Na história, Marcela Temer parece ficar entre Dona Ruth e Dona Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Lula, que optou por não se envolver com ações assistenciais.

    Com ou sem polêmica, o fato é que a madrinha do Criança Feliz deu ao governo a ideia de que pode melhorar a sua própria imagem.

    Dá para entender: com a impopularidade do governo Temer em alta, a presença da primeira-dama pode vir muito bem a calhar.

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024