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    Cabral é condenado por conceder benefício fiscal irregular

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    06/10/2016 20h45 - Atualizado às 10h19

    Carlos Magno-2008/Ccs
    O governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anda em bicicleta do projeto de transporte público parisiense Velib em frente à prefeitura de Paris (França). (Foto: Carlos Magno/Ccs) *** DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    No passeio de bicicleta por Paris, em 2008, Cabral desfrutava de altos índices de aprovação

    O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) foi condenado em segunda instância a ressarcir os cofres públicos por, segundo a Justiça, conceder isenção fiscal de forma irregular à empresa francesa Michelin, que também terá devolver recursos ao governo.

    Os benefícios fiscais de R$ 1 bilhão foram concedidos em 2010 e adiavam, sem prazo determinado, o recolhimento do imposto devido na aquisição de maquinário para ampliação da fábrica da empresa, em Itatiaia (RJ).

    A Folha revelou em 2011 que o benefício foi dado dois meses após a Michelin ter doado R$ 200 mil à campanha de reeleição de Cabral ao governo do Rio, em 2010.

    Foi a primeira e única doação eleitoral da empresa francesa no Brasil. O decreto que concedia o incentivo foi publicado em novembro de 2010, logo após a reeleição do peemedebista. Cabral e Michelin negaram à época relação entre a doação e o incentivo fiscal.

    Em março, as 12ª Câmara Cível já havia declarado como irregular a concessão do benefício fiscal. Houve divergência, porém, em relação à necessidade de ressarcimento aos cofres públicos.

    Na terça-feira (4), por 3 votos a 2, decidiu-se que Cabral e a empresa francesa deveriam devolver ao erário o benefício usufruído até hoje. O cálculo ainda será feito pela Justiça, quando o caso transitar em julgado. Ainda cabe recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

    Cabral afirmou, em nota, que a decisão é "equivocada", uma "aberração jurídica" e uma "violência contra uma política de desenvolvimento pautada em regras e compromissos recíprocos dos entes privados e do governo do Estado".

    "O incentivo dado à Michelin permitiu que essa empresa consolidasse todas as suas plantas fabris dentro do estado do Rio e triplicou o pagamento de ICMS ao governo. Essa decisão pode comprometer bilhões de investimentos que serão realizados no estado nos próximos anos, além de gerar insegurança jurídica", disse o ex-governador.

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