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    Dilma diz que não sente 'ódio' de Temer, mas o chama de 'traidor'

    PAULA SPERB
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO ALEGRE (RS)

    13/10/2016 15h58 - Atualizado às 19h48
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    Alan Marques/Folhapress
    A presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer participam de cerimonia de apresentação de oficiais generais no clube do exercito. Foto: Alan Marques/Folhapress
    A ex-presidente Dilma Rousseff e, na época, seu vice Michel Temer

    A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse que não tem "ódio" do seu sucessor, o presidente Michel Temer (PMDB), mas o chamou de "traidor" nesta quinta-feira (13).

    "Eu não tive ódio de torturador, por que eu vou ter ódio de traidor nesse processo [de impeachment]?", disse Dilma em entrevista à Rádio Guaíba, emissora da capital gaúcha, nesta tarde. A petista fez referência ao seu passado político, quando foi presa e torturada durante o regime militar, e disse que o sentimento que a traição provoca é de "injustiça".

    "Não se pode ter ódio das pessoas. O ódio faz com que você seja capturado pelo objeto que você odeia", afirmou.

    A ex-presidente disse ainda ser "vítima" do impeachment que, para ela, tinha dois objetivos: evitar que "a Lava Jato chegue até eles" e "aprovar essa PEC da Maldade", a "reforma da Previdência" que é "ultra ultra contra os interesses dos trabalhadores".

    Temer está prestes a viajar à Índia para reunião do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Será a quarta viagem internacional do presidente desde 31 de agosto, quando assumiu o posto de forma efetiva.

    Na ausência de Temer, o presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumirá a presidência temporariamente. Se não tivesse sido cassado, Eduardo Cunha (PMDB), que autorizou a abertura do processo de impeachment contra Dilma, seria o presidente interino.

    Sobre Cunha, Dilma afirmou que ele "hegemonizou" a Câmara e que, se não aceitasse suas propostas, "não tinha gestão".

    VIDA PÓS-IMPEACHMENT

    Questionada sobre sua rotina fora da presidência, Dilma respondeu que tem navegado pela internet, se comunicado por meio do WhatsApp e usado redes sociais.

    "Tenho tido uma vida intensa nessa área", disse. Dilma afirmou ainda que agora sua vida é "bem mais leve do que era antes" e que pode ler mais, ver mais filmes e ter mais convívio com os netos.

    MALDADES

    A ex-presidente também chamou a PEC 241, proposta de emenda constitucional que congela os gastos públicos por 20 anos, de "PEC das Maldades".

    A proposta de teto para os gastos do governo foi aprovada com o empenho pessoal de Temer depois de um jantar realizado na véspera da votação.

    Dilma também defendeu o ex-presidente Lula (PT) durante a entrevista. Caso Lula seja preso, Dilma afirma que "a prisão será vista como corolário do golpe pelo mundo".

    A ex-presidente disse ainda que "acha que há um objetivo claro de condená-lo na segunda instância". Lula foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) como envolvido no desvio de verbas públicas para a empreiteira Odebrecht.

    VOTO JUSTIFICADO

    Dilma, que votou no candidato do PT, Raul Pont, à Prefeitura de Porto Alegre no primeiro turno, disse à Guaíba que "não estará" na cidade e irá justificar o voto no segundo turno.

    O voto de Dilma no primeiro turno foi marcado por uma confusão após um juiz proibir o acompanhamento da imprensa.
    A ordem foi dada pelo juiz Niwton Carpes da Silva, da 160ª zona eleitoral de Porto Alegre.

    A justificativa do juiz para proibir a presença da imprensa na sua seção eleitoral, no colégio Santos Dumont, na zona sul da capital gaúcha, foi a de que Dilma não possui esse direito por não ser candidata nestas eleições e ser uma "cidadã comum".

    O juiz já havia chamado Dilma de "incompetente e desesperada".

    O magistrado fez as declarações sobre a ex-presidente no seu perfil pessoal do Twitter, criado em março.

    Em 20 de abril, o juiz escreveu que "ela [Dilma] é tão incompetente e desesperada que não tem condições de autocrítica. O esquerdismo radical perdeu o trem da história".

    Na entrevista, a ex-presidente disse ainda que vai participar das discussões sobre o futuro do PT. "Não é uma questão de se autopunir. É uma questão de procurar novos caminhos, de perceber que houve opções e atitudes incorretas."

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