Em mais uma demonstração da divisão partidária, cinco tendências do PT realizam nesta segunda-feira (17) um ato pela troca imediata do comando do partido. O movimento "Muda PT" –que inclui pelo menos 25 deputados federais e dois senadores– acontecerá na sede do partido, em Brasília.
A manifestação é uma resposta à CNB (Construindo um Novo Brasil), maior força interna do partido, que programa a mudança de sua direção para o primeiro semestre do ano que vem.
Embora seja o líder da CNB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido internamente a renovação da direção partidária em todos os seus níveis. A CNB não concorda.
No dia 27 de outubro, o diretório estadual do PT no Rio Grande do Sul fará também um ato pela antecipação das eleições internas, com realização de um congresso partidário ainda este ano.
Além da presença do ex-ministro Tarso Genro, defensor do que chama de "refundação" do PT, o manifesto do Rio Grande do Sul terá assinatura também de membros da CNB, tendência integrada por Lula.
Ainda hoje, o diretório nacional do PT mantém na lista de integrantes petistas detidos na Operação Lava Jato, como os ex-tesoureiros João Vaccari Neto e Paulo Ferreira.
As tendências Articulação de Esquerda, Avante S21, Esquerda Popular Socialista, Mensagem ao Partido e Militância Socialista compõem o movimento, convocado sob o título "Mudar o PT é decisivo para a luta pelo Fora Temer e contra a retirada de direitos".
"Diante da gravidade deste ataque à democracia e à classe trabalhadora, defendemos que o Partido dos Trabalhadores convoque imediatamente o seu VI Congresso, um congresso que tenha plenos poderes para ouvir a base do partido, mudar seus rumos e sua direção. É com este sentido de urgência que defendemos que o PT deve lutar para reconquistar o apoio da classe trabalhadora renovando sua estratégia, programa, organização e direção partidária", diz o documento de convocação do movimento, após descrever uma análise de conjuntura.
No texto, essas tendências se manifestam contrariamente ao processo em vigor para eleição interna –o PED (Processo de Eleições "Direitas")– sob o argumento de que propiciam o uso da máquina. O documento substitui no nome oficial do processo, "eleições diretas", para "eleições direitas".
"Discordamos dos sucessivos adiamentos que a atual maioria partidária tem imposto à realização do VI Congresso do PT e a defesa incondicional do PED – Processo de Eleições Direitas – como mecanismo de renovação das direções partidárias. Além dos conhecidos problemas herdados do sistema político dominante – abuso do poder econômico, eleitoralismo, ausência de debates preparatórios, filiações em massa, 'uso da máquina', interferência de agentes externos, etc. – as direções e delegados eleitos pelo PED não têm sido escolhidos pelo voto direto dos filiados, mas antes pelas cúpulas das chapas nacionais", diz a nota.
Um dos organizadores do movimento, o secretário de formação do PT, Carlos Henrique Árabe, diz que o grupo cresce e se mostra necessário.
"Sabemos que tem a simpatia de Lula", diz.