• Poder

    Saturday, 18-May-2024 10:48:48 -03

    Governo fará ofensiva sobre aliados de Cunha contra traições em votações

    GUSTAVO URIBE
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    20/10/2016 16h03 - Atualizado às 21h47

    O governo de Michel Temer iniciará uma ofensiva para tentar blindar sua pauta no Congresso dos impactos da prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Para evitar que o tema contamine a base aliada , a estratégia adotada pelo Palácio do Planalto é a de enfatizar a imagem de um clima de normalidade institucional e a de reforçar a aproximação com deputados federais sobre os quais o peemedebista tinha influência quando comandou a Câmara dos Deputados, sobretudo de siglas do "centrão" (PP, PR, PSD, PTB e PRB).

    O receio é que o impacto da prisão possa causar atrasos no cronograma de votações e estimular ausências em plenário na próxima terça-feira (25), quando o Palácio do Planalto pretende aprovar em segundo turno a proposta do teto de gastos, considerada pelo presidente Michel Temer fundamental para o reequilíbrio da economia nacional.

    Para um aliado do governo, o Planalto deve evitar que parlamentares próximos ao peemedebista retaliem a gestão federal durante a votação da proposta com a intenção de passar o recado de que Cunha sentiu-se abandonado.

    Nesta quinta-feira (20), ao retornar ao Brasil de viagem ao continente asiático, o presidente se reuniu com o núcleo político do Palácio do Planalto para avaliar os efeitos do episódio. Ele também discutiu o cenário político com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem se encontrou na base aérea de Brasília.

    Para evitar traições na votação, o presidente começou a atuar pessoalmente nesta quinta junto a parlamentares governistas. Ele abrirá espaço na agenda para recebê-los nesta sexta-feira (21) e participará na segunda-feira (24) de jantar com a base aliada na residência oficial do presidente da Câmara.

    No final de semana, Temer também pretende telefonar para deputados federais para tentar obter um placar maior que 366 votos no segundo turno da proposta, superando o primeiro turno.

    'SANGUE FRIO'

    A ordem repassada pelo presidente é para que a prisão não atrapalhe a rotina de trabalho dos ministérios e não passe a imagem de paralisia nas atividades do governo federal. Segundo assessores e auxiliares, Michel Temer avalia a necessidade de dar demonstrações de força nos próximos dias, o que inclui aprovar a PEC, para sinalizar que "nada muda" e a "vida segue normalmente".

    Em relação à Lava Jato, o presidente mandou sua equipe dizer que, para ele, a agenda do governo federal é uma e a da operação investigativa, outra. E que o governo não interfere na Lava Jato, que tem autonomia. Segundo assessores presidenciais ouvidos pela Folha, a prisão do ex-presidente da Câmara gera "apreensão", mas não pode alterar o "ânimo" do governo.

    Para um auxiliar do presidente, o Planalto não pode ficar sofrendo por antecipação. Segundo ele, é preciso ter sangue frio neste momento porque ninguém sabe o que Cunha pode falar numa eventual delação.

    Antes mesmo de ser preso, Cunha já vinha mandando recados para o Planalto, levantando suspeitas sobre o secretário-executivo do Programa de Parcerias do Investimento, Moreira Franco, um dos assessores mais próximos de Michel Temer.

    Outro potencial alvo de Cunha, o presidente da Câmara afirmou que não recebeu "nenhum recado" com ameaças de seu antecessor e que sempre teve "relação política" com o peemedebista.

    Altos e baixos de Cunha

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024