• Poder

    Sunday, 05-May-2024 17:40:22 -03

    Teori defende redução de foro privilegiado, mas nega impunidade

    CAROLINA LINHARES
    DE SÃO PAULO

    24/10/2016 18h17

    Alan Marques - 22.jun.2016/Folhapress
    O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal
    O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki afirmou que a prerrogativa de foro privilegiado deveria ser reduzida a menos pessoas, mas que não significa impunidade.

    "A prerrogativa de foro como está hoje inclui muitas pessoas. Poderia reduzir, mas isso cabe ao legislador", afirmou durante palestra nesta segunda-feira (24) em São Paulo.

    O foro privilegiado garante que ministros de Estado, deputados e senadores, por exemplo, sejam julgados diretamente pelo Supremo.

    "A vantagem ou desvantagem de ser julgado diretamente pelo STF é relativo", disse o ministro, lembrando que, no julgamento do mensalão, "ninguém mais queria ser julgado pelo Supremo, todo mundo queria ir para a primeira instância".

    "Não sou partidário da forma como se estabelece a prerrogativa de foro hoje, mas não acho que a prerrogativa tenha tantos benefícios ou malefícios como se diz."

    Zavascki participou de colóquio sobre o STF realizado pela Associação dos Advogados de São Paulo.

    O presidente da associação, Leonardo Sica, criticou o que considerou ataques ao direito de defesa, como o pacote de dez medidas defendido pelo Ministério Público Federal e o cerco aos advogados do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba.

    Mencionando a crise de legalidade apontada por Sica, Zavascki criticou o "jeitinho brasileiro".

    "Se a gente tivesse uma consciência da legalidade e de não dar um jeitinho na vida, as coisas ficam fáceis", disse o ministro.

    "Às vezes, as pessoas que obedecem a lei são tachadas pejorativamente. Tem pessoas que tem vergonha de aplicar a lei", completou, dizendo que tal atitude é "lamentável".

    "O padrão civilizatório de um povo se mede pela capacidade de observar a norma naturalmente. Acho que não é muito simpático, apesar de parecer, essa ideia de que, no Brasil, nós sempre damos um jeitinho", afirmou Zavascki. "Isso facilita a desobediência e desautoriza."

    'DESISTI'

    Zavascki afirmou ainda que desistiu de tentar resolver o acúmulo de processos no Supremo.

    "Temos uma cultura de recorrer que não sei como resolver", disse. "Desisti de pensar em solução para desafogar."

    O ministro disse que a competência do STF deveria ser reduzida e que seriam necessários 200 ministros para dar conta da demanda.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024