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    Temer tenta diálogo entre Cármen Lúcia e Renan para salvar reformas

    GUSTAVO URIBE
    VALDO CRUZ
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    26/10/2016 02h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em coletiva para falar sobre a Operação Métis
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em coletiva para falar sobre a Operação Métis

    Na tentativa de evitar uma crise que prejudique sua agenda, o presidente Michel Temer atuou como uma espécie de bombeiro para acalmar os ânimos entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia.

    A ministra e o senador protagonizaram troca de farpas públicas nesta terça-feira (25), o que levou o presidente a entrar em contato com ambos para propor um diálogo entre os dois e pregar a harmonia entre os Poderes.

    A preocupação de Temer é que o clima de animosidade entre o Judiciário e o Legislativo possa afetar o cronograma de votações no Congresso Nacional, sobretudo da proposta do teto de gastos públicos. O objetivo do Palácio do Planalto é aprová-la antes do recesso parlamentar, ainda em novembro.

    Além disso, o governo federal receia que o ressentimento de Renan com o ministro Alexandre de Moraes (Justiça), a quem chamou de "chefete de polícia", possa inviabilizar o Plano Nacional de Segurança, conjunto de medidas que será lançado pelo governo federal. Parte delas depende de aprovação do Congresso Nacional.

    Em busca de uma reconciliação entre Renan e Cármen, Temer telefonou para ambos e os convidou para um encontro nesta quarta-feira (26) no Palácio do Planalto. A ideia da reunião foi de Renan, mas Cármen alegou agenda cheia e, até a conclusão desta reportagem, não iria ao compromisso.

    O próximo encontro entre os três seria na sexta-feira (28), no Palácio do Itamaraty.

    Em conversa com Temer, no entanto, Renan demonstrou resistência em participar da reunião por causa da presença de Moraes.

    Com o entrave, Temer avalia adiar a reunião para a semana que vem e pretende marcar um novo encontro apenas entre Renan e Cármen.

    A avaliação de assessores e auxiliares presidenciais é que tanto Renan como Cármen agiram corretamente ao legitimarem seus espaços e defenderem a soberania de seus respectivos Poderes.

    O diagnóstico, no entanto, é que Renan exagerou nas nas críticas e acabou gerando a reação da presidente do STF. O Planalto não contava, porém, com a decisão do presidente do Senado de mandar recados para Cármen.

    O Planalto não gostou ainda dos ataques feitos por Renan a Moraes.

    O problema, admite o entorno de Temer, é que Moraes realmente acaba "falando demais" e cria embaraços para o governo.

    Temer, contudo, tem dúvidas sobre demiti-lo, o que poderia passar a mensagem de que ele cedeu a um pedido de Renan e teria a intenção de interferir na Lava Jato ao exonerar alguém que não impôs obstáculos à operação.

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