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    FHC prega renovação 'geracional' e rechaça nova candidatura

    DANIELA LIMA
    DE SÃO PAULO

    04/11/2016 15h13

    Eduardo Anizelli - 25.abr.2016/Folhapress
    Fernando Henrique Cardoso na sede de seu instituto, em SP
    Fernando Henrique Cardoso na sede de seu instituto, em SP

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) rechaçou a tese de que poderá novamente ser candidato ao Palácio do Planalto. À Folha, o tucano tratou o assunto como um "despropósito" e defendeu a necessidade de uma renovação profunda nos quadros da política, não só de nomes, mas geracional.

    A fala é uma resposta a um movimento iniciado por um de seus mais antigos assessores, Xico Graziano.

    Em artigo publicado na Folha desta quinta-feira (3), Graziano defendeu a candidatura de Fernando Henrique em 2018 e foi além, apontando FHC como a melhor opção caso o governo de Michel Temer seja interrompido pela Justiça Eleitoral.

    O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) analisa uma ação iniciada pelo PSDB após as eleições de 2014, na qual o partido questionava o abuso de poder econômico e político na campanha em que Aécio Neves (PSDB-MG) foi derrotado pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

    O alvo da ação, porém, não é apenas a petista, mas a chapa que disputou a eleição. Uma condenação, portanto, poderia atingir o presidente Michel Temer.

    Se isso ocorrer após a metade do mandato, ou seja, a partir de janeiro, o novo presidente será eleito de forma indireta pelo Congresso.

    "Seria Fernando Henrique, com certeza. Ele prepararia o caminho rumo ao porvir", afirma Graziano.

    O texto causou espanto no Planalto e no Congresso. A bancada do próprio PSDB reagiu ao artigo dizendo que ele enfraquecia o governo e estimulava a desconfiança.

    Em sua página na internet, FHC se apressou em dizer que "jamais" cogitou concorrer novamente e que ninguém o "consultou sobre o tema".

    "Minha posição é conhecida: o melhor para o Brasil é que o atual governo leve avante as reformas necessárias e que em 2018 possamos escolher líderes à altura dos desafios do país."

    Procurado pela Folha, o ex-presidente, que está em Paris, foi além. "Seria um despropósito que eu viesse a ser candidato", afirmou. "Passou da época de mudarmos não só as pessoas, como também as gerações", sustentou.

    Um dos principais aliados de Temer, Moreira Franco, disse ter comentado com o próprio presidente que "o príncipe [FHC] não tem jeito. Ele não enquadra os seus".

    Com a repercussão, Graziano reafirmou que apenas avisou FHC que escreveria sobre o assunto. Ele ainda ressaltou que não pretendia fragilizar o governo.

    "Não combinei nada com ninguém nem imaginei enfraquecer o governo. Quis apenas tirar o debate político da mesmice", afirmou. "Vamos precisar muito de FHC para a difícil travessia que virá"

    O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), aliado de Aécio, desqualificou o texto. "Fiquei perplexo. É um desserviço para o país, que está à beira do abismo, com uma crise fiscal monumental. O pressuposto para sairmos disso é a estabilidade. E Graziano envolve nosso líder maior [FHC] em uma teoria estapafúrdia, como se houvesse uma conspiração contra Temer, quando o PSDB quer o contrário, quer fortalecer. Somos responsáveis."

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