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    Lula critica operação policial em escola do MST e defende frente de esquerda

    DE SÃO PAULO

    05/11/2016 18h38 - Atualizado às 21h25
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    Joel Silva/Folhapress
    O ex-presidente Lula discursa em ato em favor do MST na escola Florestan Fernandes, em Guararema
    O ex-presidente Lula discursa em ato em favor do MST na escola Florestan Fernandes, em Guararema

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou repúdio à operação da Polícia Civil que, nesta sexta-feira (4), resultou em confronto com militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) na escola Florestan Fernandes.

    A instituição, sediada em Guararema (SP), é ligada do MST e, neste sábado (5), recebeu um evento em solidariedade ao grupo.

    "A gente tem que se preocupar mais com os movimentos sociais, porque se a moda de criminalizar pessoas pega...", disse Lula, vestido com um boné do movimento.

    "Há um processo de criminalização da esquerda nesse país, em que as instituições estão totalmente desmoralizadas, o país perdeu a autoridade."

    O ex-presidente disse que o caso dele, que é réu em três ações (duas delas no âmbito da Operação Lava Jato), é "o de menos". "Eu tenho casco de tartaruga, 71 anos de idade."

    Depois de uma fala repleta de temas ligados à política externa –ele citou negociações de que participou quando estava na Presidência, de acordos com o Irã ao fim da Alca, das eleições na OMC a negócios com países africanos e o Mercosul–, Lula defendeu a formação de uma frente política de esquerda.

    "Esse momento de solidariedade ao MST, com tanta gente que veio para cá, é a hora de começar a construir uma coisa mais forte, de cada um deixar seus probleminhas de lado", defendeu.

    "Não é partido, entidade, é um movimento, como foi o das Diretas. Precisamos criar um movimento para restabelecer a democracia no país. Somos um país grande demais para termos um governo eleito por uma Câmara de forma ilegal."

    A formação de uma frente de esquerda, segundo Lula, "unificaria o país" e superaria a "torre de Babel que existe hoje, em que cada um fica gritando no seu canto".

    O petista criticou o governo Temer. Citando a "PEC 151 [em referência à PEC 241, que estabelece um teto de gastos para o governo federal]", ele afirmou que "eles vão efetivamente destruir o que nós construímos no Brasil".

    "Os adversários foram mais fortes que a gente, enquanto a gente ficou gritando 'Fora, Temer', eles foram lá e tiraram a Dilma. Fizeram o golpe, mas não vão parar por aí", disse. "Tem razões políticas, econômicas e ideológicas nesse negócio."

    Joel Silva/Folhapress
    Lula (de jaqueta amarela) em ato na escola Florestan Fernandes, em Guararema
    Lula (de jaqueta amarela) em ato na escola Florestan Fernandes, em Guararema

    CRÍTICAS A ALCKMIN

    Também estiveram no evento deste sábado (5) em Guararema nomes como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), os deputados federais Paulo Teixeira e Vicentinho (ambos do PT-SP), Ivan Valente (PSOL-SP), candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Luiza Erundina, e o vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT-SP).

    Além de Lula, discursaram Lindbergh, Ivan Valente, o ex-parlamentar Jamil Murad (PCdoB) e lideranças de movimentos de esquerda como Florestan Fernandes Jr. Ao final do evento, foram homenageados os dois militantes detidos na ação da Polícia na sexta-feira, Gue Oliveira e Ronaldo Hernandes.

    Encerrando o ato, Suplicy disse que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) deve desculpas ao MST. Fernandes Jr. também criticou o tucano em sua fala.

    "Tenho certeza que o ex-governador Mario Covas não compactuaria com isso, mas nosso governador, por meio de seu secretário [de segurança pública, Mágino Alves Barbosa, disse que os policiais foram agredidos aqui dentro, uma piada. Respaldou a violência dessa polícia", afirmou.

    Mais cedo, a ex-presidente Dilma Rousseff emitiu uma nota criticando a ação da polícia e o que ela chamou de "banalização da violência do Estado".

    "A invasão da Escola Nacional Florestan Fernandes, ligada ao MST, é um precedente grave. Não há porque admitir ações policiais repressivas que resultem em tiros e ameaças letais, ainda mais em uma escola", afirmou Dilma.

    "Tampouco é aceitável que se criminalize o MST."

    A nota da ex-presidente foi lida pelos organizadores durante o ato em solidariedade ao MST.

    VÍDEO

    Na tarde desta sexta, o MST publicou, na página do grupo no Facebook, um vídeo que mostra o momento em que policiais entram na escola Florestan Fernandes.

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