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    Integrante do MBL recebe 'lobby' de líderes do grupo por força na Câmara

    PAULA REVERBEL
    DE SÃO PAULO

    07/11/2016 02h00

    Divulgação - 17.abr.2016
    Paulo Martins durante a votação do impeachment na Câmara, em abril
    Paulo Martins durante a votação do impeachment na Câmara, em abril

    Com a provável volta de um de seus representantes à Câmara dos Deputados em janeiro, lideranças do MBL (Movimento Brasil Livre) se movimentam para que Paulo Martins ganhe força na Casa, assumindo a relatoria de projetos importantes.

    Martins, hoje filiado ao PSDB, é o quarto suplente de uma coligação de nove partidos que elegeu, em 2014, 12 deputados pelo Paraná. Em janeiro, quando muitos parlamentares devem deixar os mandatos para assumir cargos em municípios pelo país, ele deve voltar à Câmara.

    O MBL, ao qual está ligado, espera que ele fique encarregado, entre outras coisas, de relatar um projeto que deverá ser enviado pelo Senado para tornar facultativa a contribuição sindical.

    Martins é autor, na Câmara, de um projeto de mesmo teor, que tramita em regime de prioridade. Na segunda redação de sua proposta, passou a chamar a contribuição de "imposto sindical".

    "Os sindicatos são anabolizados por dinheiro público, possuem capacidade de mobilização e pressão política artificiais", diz à Folha. "Em geral, não se preocupam com o que interessa ao país. Estão focados na manutenção de privilégios da elite sindical."

    IMPEACHMENT

    Diretor de relações institucionais do Instituto Liberal, Martins, 35, se candidatou em 2014 pelo PSC. Em março deste ano, já filiado ao PSDB, tomou posse na Câmara —um mês antes da votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

    Hoje, quase sete meses depois, ele diz, sobre o dia 17 de abril: "A sensação do dever do impeachment plenamente cumprido ainda é impossível de ser descrita por mim".

    Martins havia ganhado certa notoriedade em 1º de novembro de 2014, justamente em um ato contra a petista. Naquele dia, viajou de Curitiba a São Paulo e, em um ato do MBL, cumprimentou os manifestantes com a frase "Boa tarde, reaças".

    O parlamentar deixou a Câmara no último dia 19, quando transmitiu o cargo ao primeiro suplente da coligação, Osmar Bertoldi (DEM) —o deputado estava impedido de assumir o posto, mas em outubro foi absolvido de acusações de sequestro, estupro e manutenção de vítima em cárcere privado; Bertoldi havia sido condenado em primeira instância por agredir a ex-noiva.

    Antes que Martins deixasse a Câmara, lideranças do MBL já faziam essa espécie de lobby por ele. Chegou-se a aventar a possibilidade de ele relatar a reforma da Previdência, bandeira do governo de Michel Temer.

    "É preciso alguém com disposição para enfrentar corporações que não querem abrir mão de privilégios, como os políticos e as castas do funcionalismo", diz. "Eu não teria problema em fazer isso, mas acho que um deputado mais experiente será escolhido."

    Sobre a mudança de partidos, o suplente afirma que a filiação ao PSC não se deu por razões religiosas. "Mas sou católico e gosto de ir à missa na Catedral de Curitiba", diz.

    Ele conta que deixou a legenda em função de uma troca no comando local que o deixou "desconfortável", seguido de um convite tucano.

    "O PSDB tem mais organização. Apresento posições ora mais liberais, ora mais conservadoras do que o partido costumava apresentar, mas todos recebem isso muito bem."

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