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    Lava Jato

    Pivô da Operação Lava Jato, doleiro Alberto Youssef planeja publicar livro

    BELA MEGALE
    ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA

    08/11/2016 02h00

    Alan Marques - 26.out.2015/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 26.10.2015. O doleiro Alberto Youssef fala na CPI dos Fundos de Pensão na Câmara dos Deputados. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    O doleiro Alberto Youssef, preso desde 2014, que escreve livro

    O doleiro Alberto Youssef, segundo delator da Operação Lava Jato, está escrevendo uma biografia com previsão de lançamento para 2017.

    Preso desde março de 2014, quando foi deflagrada a primeira fase da investigação, ele irá para prisão domiciliar em 17 de novembro, e depois de quatro meses estará livre, após longo período encarcerado na sede da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba.

    Segundo pessoas próximas a Youssef, ele deve iniciar a narrativa contando a primeira vez em que foi detido pela a polícia, ainda adolescente.

    Na época, trabalhava para uma quadrilha de contrabandistas de eletroeletrônicos que atuava na divisa do Paraná com o Paraguai.

    A sua função era atuar como olheiro e avisar os demais integrantes do bando caso os policiais chegassem. No entanto, foi preso antes de cumprir a missão.

    A tentativa frustrada do primeiro crime não fez Youssef desistir da vida de contraventor que relatará na obra, enumerando outras investigações em que esteve envolvido, como a do Banestado, que mirou um grupo de doleiros que operava contas no então banco paranaense para movimentar dinheiro junto a paraísos fiscais.

    O caso também foi conduzido pelo juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato. Na época, Youssef fez acordo de colaboração premiada e contou com a assistência do advogado Figueiredo Basto, o mesmo que o atende hoje.

    O clímax da obra, contudo, promete ficar por conta da Lava Jato, que veio à tona 11 anos depois. Pessoas que estão em contato com o doleiro relatam que ele pretende revelar com quem dividiu cela, diálogos que teve com os demais presos e episódios que passou na carceragem.

    Entre os personagens que aparecerão está Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro da Odebrecht, que fica na ala de Youssef e toma banho de sol no mesmo horário.

    Os dois se aproximaram porque Odebrecht passou a frequentar a cela de Youssef —a única com permissão para ter aparelho de TV— para assistir a noticiários.

    Apesar de preso, o doleiro vem trabalhando no livro. Ele está relatando os episódios a um jornalista, que irá compilar e redigir o material. A editora também já foi definida, segundo seus representantes.

    SURFAR NA ONDA

    Não faltam personagens querendo surfar na onda da Lava Jato para lançar livros.

    Meire Poza, que foi contadora do doleiro, deu depoimentos e participou de "Assassinato de Reputações 2 - Muito Além da Lava Jato", do jornalista Claudio Tognolli. Em paralelo, escreveu uma obra sobre o que viveu na Lava Jato, mas disse que não há previsão para publicá-lo.

    Um dos motivos é a concorrência de envolvidos na investigação em busca de uma editora. "Agora todo mundo está escrevendo livro, né, até o [ex-deputado] Eduardo Cunha", disse ela.

    O ex-diretor da Petrobras e primeiro delator da operação, Paulo Roberto Costa, é outro que está negociando o lançamento de seu livro. Em agosto, disse ao jornal "O Globo" que estava no décimo dos 22 capítulos de sua obra.

    A doleira Nelma Kodama, fora da prisão desde julho, também está transformando em livro os diários que escreveu nos mais de dois anos em que esteve presa.

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