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    Bolsonaro diz que Ustra é 'herói' em sessão de seu processo de cassação

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    08/11/2016 20h43

    Myke Sena/FramePhoto/Folhapress
    O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) fala com a imprensa em Brasília (DF)
    O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que voltou a elogiar o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra

    O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) voltou nesta terça-feira (8) a homenagear o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais símbolos da repressão durante a ditadura militar, morto em 2015.

    Durante a sessão do Conselho de Ética que deveria votar a admissibilidade do processo de cassação por ele ter elogiado o coronel ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, em abril, Bolsonaro afirmou que Ustra é um "herói brasileiro" e que não há provas de que ele torturou presos políticos.

    "Sou capitão do Exército, conhecia e era amigo do coronel, sou amigo da viúva. (...) o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra recebeu a mais alta comenda do Exército, a Medalha do Pacificador, é um herói brasileiro", afirmou o deputado.

    A votação que deve decidir se o processo de cassação contra Bolsonaro segue ou não está marcada para esta quarta-feira (9).

    Ustra comandou o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações) do 2º Exército (SP) entre 1970 e 1974, no auge do combate às organizações da esquerda armada.

    Segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, só na gestão de Ustra o DOI de São Paulo foi o responsável pela morte ou desaparecimento de ao menos 45 presos políticos.

    O deputado Capitão Augusto (PR-SP) também elogiou Ustra afirmando não ter havido condenação judicial definitiva contra ele.

    Outro apoiador de Bolsonaro, o deputado Laerte Bessa (PR-DF), que fez carreira como delegado da Polícia Civil, afirmou ser uma "grande mentira" a informação de que a ex-presidente Dilma Rousseff tenha sido torturada no período em que ficou encarcerada durante a ditadura militar (1964-1985).

    Não havia deputados aliados à petista nesse momento da sessão.

    O relatório do deputado Odorico Monteiro (PROS-CE), que é ex-petista, é favorável à continuidade do processo. Sem entrar no mérito das palavras de Bolsonaro, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) apresentou um voto divergente defendendo o arquivamento da acusação sob o argumento da defesa do pleno exercício da liberdade parlamentar.

    No dia da votação na Câmara que autorizou a abertura do processo de impeachment contra Dilma, Bolsonaro elogiou também o hoje ex-deputado Eduardo Cunha, atualmente preso, e disse: "Nesse dia de glória para o povo tem um homem que entrará para a história. Parabéns presidente Eduardo Cunha. (...) Em memória do coronel Brilhante Ustra, o meu voto é sim."

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