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    Lava Jato

    FHC defende salvar empresas e punir culpados na Lava Jato

    DANIELA LIMA
    DE SÃO PAULO

    09/11/2016 02h00

    Suamy Beydoun - 2.out.2016/Futura Press/Folhapress
    SÃO PAULO,SP,02.10.2016:ELEIÇÕES-FHC - O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso vota no colégio Sion, no bairro de Higienópolis, em São Paulo (SP), neste domingo (2). (Foto: Suamy Beydoun/Futura Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vota nas eleições municipais de São Paulo

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso passou a defender abertamente que o país encontre meios legais para garantir a sobrevivência de empresas investigadas pela Lava Jato, sem que isso tenha qualquer efeito de "anistia" para os seus "delitos ou donos", ele ressalta.

    O tucano falou sobre o assunto com a reportagem por email. Ele é citado por parlamentares, ministros, ex-ministros e advogados como uma peça chave na romaria de pesos pesados do PIB que –como revelou a Folha no último domingo (6)–, assustados com o avanço da Lava Jato, pressionam o Congresso a aprovar projetos como o novo marco legal da leniência e uma espécie de anistia para o caixa dois eleitoral.

    Procurado pela reportagem, FHC negou ter conversado com políticos ou empresários sobre o assunto, disse ser contra qualquer "anistia" a delitos e defendeu a Lava Jato, mas reconheceu que o cenário de "quebradeira generalizada" alardeado pelo empresariado o consterna.

    "Quanto a mim, a preocupação maior é com os efeitos da crise econômica, pela qual obviamente a Lava Jato não é responsável. Não endosso manobras que a atinjam", escreveu FHC.

    "Cabe à Justiça separar o joio do trigo e dosar que tipo de crime foi praticado e se foi mesmo. Isso não é tarefa para o Congresso", continuou, numa referência à tentativa de um grupo de parlamentares de estabelecer uma linha temporal para o crime de caixa dois, punindo só o que for praticado daqui para frente.

    "Outra coisa, como escrevi, são as necessárias medidas que preservem as empresas, mas não os delitos de seus donos e funcionários", afirmou FHC.

    "A estagnação em que estamos é grande e tem efeitos sociais e econômicos devastadores. É para resolvê-la que precisamos do que chamei de 'trégua nacional', não para anistiar culpados", concluiu.

    A última fala do ex-presidente é uma referência a artigo publicado por ele no último domingo (6) nos jornais "O Globo" e "O Estado de S.Paulo". No texto, FHC pregou uma espécie de "trégua nacional" que desse espaço para o governo encaminhar "soluções jurídicas que mantenham as empresas ativas, salvaguardando os empregos e nossa capacidade produtiva".

    "Não estaremos à altura dos desafios se não afirmarmos que precisamos de uma trégua nacional, não para conciliar elites, mas para pactuar o futuro e pensar sobre ele", escreveu FHC no artigo.

    "Será preciso coragem para o STF [Supremo Tribunal Federal] deixar a Lava Jato cumprir seu papel de restaurador da moral pública, mas também manter vivo o respeito aos direitos individuais."

    "E o governo federal [...] precisa encaminhar soluções jurídicas que mantenham as empresas ativas, salvaguardando empregos e capacidade produtiva, sem prejuízo da punição dos dirigentes que a Justiça julgar cabível", pregou. "Caso contrário, não faltam capitais globais dispostos a adquirir na bacia das almas o que caro custou construir", concluiu.

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