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    Lula faz apelo por acordo, e PT teme debandada da esquerda

    CATIA SEABRA
    DE SÃO PAULO

    10/11/2016 17h36 - Atualizado às 00h51

    Joel Silva - 5.nov.16/Folhapress
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato na Escola Nacional Florestan Fernandes, do Movimento Sem Terra (MST), no bairro do Paratei em Guararema (SP).
    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato na Escola Nacional Florestan Fernandes

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta quinta-feira (10), novo apelo por um acordo para eleição interna do partido.

    O gesto de Lula encerrou tensa reunião sobre o formato de votação do comando partidário, marcada até por ameaça velada de desfiliação partidária.

    Secretário de formação do PT e representante da esquerda do partido na Executiva, Carlos Henrique Árabe lançou uma ameaça velada, afirmando que "haverá consequências" caso não exista um debate sobre o modelo de votação.

    Hoje no comando do PT, a corrente CNB (Construindo o Novo Brasil) entendeu a declaração como ameaça de debandada. Com maioria na reunião do partido, a tendência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaça derrotar a esquerda no voto.

    A CNB quer que a eleição ocorra em votação aberta nos municípios para montagem do colégio que elegerá o presidente da sigla.

    Já a tendência mais à esquerda defende a realização de congressos na primeira e segunda instâncias.

    Após intervenção de Lula, presente na reunião, a CNB concordou que a escolha do presidente do PT ocorra em congresso.

    AMEAÇA

    Questionado sobre a ocorrência de ameaças, o deputado Reginaldo Lopes (MG) disse que houve "de tudo" na reunião.

    O tesoureiro do partido, Marcio Macedo, entendeu o recado e reagiu, dizendo que não temia ameaças e estava disposto a assumir as consequências.

    O secretário-geral do partido, Romênio Pereira disse que alguns parlamentares usam o impasse para justificar a saída do PT.

    "Sabe a música do Tim Maia: 'me dê motivo'", ironizou Romênio.

    Líder da corrente O Trabalho, Marcus Sokol lembra sempre ter defendido a votação em congresso. Mas afirmou não aceitar que o debate sirva de pretexto para saída do partido.

    Diante do impasse, Lula afirmou que, como não chegavam a um acerto, as tendências deveriam se entender.

    ATO

    Também nesta quinta, intelectuais, artistas, lideranças de movimentos sociais e sindicalistas lançaram, em São Paulo, a campanha "Por um Brasil Justo pra Todos e pra Lula".

    Em discurso no ato, Lula disse ser alvo de um "pacto diabólico".

    A iniciativa quer dar início a um amplo movimento pelo país e no exterior contra o que considera perseguições ao ex-presidente Lula, réu na Operação Lava Jato, e em defesa da democracia.

    No ato, com a presença de Lula, foi apresentado um vídeo com cantores, como Zélia Duncan e Chico Buarque, contra congelamento dos gastos sociais.

    Também foi distribuído um panfleto com charges do cartunista Laerte e o título "Por que querem condenar Lula?".

    O documento sai em defesa de Lula faz críticas à Justiça, sem citar o juiz Sergio Moro.

    O texto do panfleto diz que "não é certo um juiz deixar as pessoas presas para falarem só o que ele quer ouvir mesmo que seja sem prova". O documento diz ainda que "não é certo recusar delações só porque não falam de Lula".

    "Se o sujeito acusa Lula, está solto. Se não acusa, continua preso", diz o texto.

    O documento afirma ainda que, "enquanto isso, corruptos comprovados, ladrões de merenda escolar, dos metrôs, dos trens e das privatizações continuam livres e soltos".

    Em linguagem simples, o panfleto lista ações de Lula, incluindo a realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil.

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