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    Colunista social é suspeita de ser funcionária 'fantasma' no RN

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    10/11/2016 19h59

    O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte denunciou a jornalista e colunista social Hilneth Correia por supostamente ter recebido salários por cinco anos na Assembleia Legislativa do Estado sem trabalhar.

    Na denúncia encaminhada ao juiz Raimundo Carlyle de Oliveira Costa, da 4ª Vara Criminal da Comarca de Natal, a Promotoria pede que a jornalista devolva um valor em salários estimado em R$ 491 mil.

    Além da colunista social, outros quatro funcionários da Assembleia foram denunciados: Pedro Lopes da Silva Filho, José Eduardo Costa Mulatinho, Bernadete Batista de Oliveira e Augusto Viveiros –este último o atual secretário geral da Casa.

    Os funcionários são acusados de viabilizar o desvio de recursos públicos em favor de Correia entre 2011 e 2015, período no qual ela teria sido remunerada sem trabalhar

    Com cinco décadas de atuação na imprensa potiguar, Correia se notabilizou como colunista social do jornal "Tribuna do Norte". Atualmente, possui um site próprio e apresenta um programa na SIM TV, afiliada da Rede TV! no Estado.

    Correia continua sendo funcionária da Assembleia Legislativa e hoje atua no setor de Memorial da Casa, trabalho pelo qual recebe um salário de R$ 4,7 mil.

    Procurada pela Folha, Correia afirma que atuou como assessora de imprensa da Presidência da Assembleia Legislativa e sempre cumpriu expediente.

    "Como jornalista, não havia obrigatoriedade de cumprir meu expediente na sede da Assembleia. Muitas vezes trabalhava de casa", diz Correia.

    TRANSPARÊNCIA

    A investigação do Ministério Público foi iniciada após a reformulação do Portal da Transparência da Assembleia Legislativa, com a divulgação da relação de funcionários da Casa.

    Com a divulgação dos dados, possíveis funcionários "fantasmas" foram apontados em reportagens na imprensa potiguar, incluindo Correia.

    Na denúncia, a Promotoria afirma que, após a divulgação dos dados, parte dos possíveis funcionários "fantasmas" pediu exoneração ou retornou aos seus postos de trabalho na Assembleia Legislativa.

    Em grampos autorizados pela Justiça, o Ministério Público identificou falas em que Correia confirma que não comparecia à Assembleia para trabalhar, mas que passaria adotar tal medida.

    Em um dos áudios, Correia afirma que foi orientada pelo secretário-geral da Assembleia Augusto Viveiros a passar a frequentar a sede do Legislativo.

    "Augusto disse... olhe, procure vir, pelo menos... todo dia passe aqui, faça alguma coisa", afirmou a jornalista em uma ligação.

    O Ministério Público também identificou falsificação de documentos públicos como folhas de ponto e ofícios dirigidos ao Setor de Recursos Humanos.

    Ainda foram incluídas nas provas comprovantes de passagens aéreas da colunista social, mostrando uma rotina de viagens nacionais e internacionais da jornalista, mesmo em dias de expediente.

    Procurada, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte informou, por meio de nota, que "está acompanhando o caso na condição de interessada no processo, não figurando como ré".

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