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    Lava Jato

    Novo lar de Youssef em São Paulo custará ao menos R$ 2.800 por mês

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA
    PAULA REVERBEL
    DE SÃO PAULO

    17/11/2016 02h00

    Joel Silva/ Folhapress
    O prédio onde irá morar o doleiro Alberto Youssef, em São Paulo
    O prédio onde irá morar o doleiro Alberto Youssef, em São Paulo

    O novo apartamento do doleiro Alberto Youssef, segunda pessoa a virar colaborador na Operação Lava Jato, custará no mínimo R$ 2.800 por mês à sua família.

    O prédio para onde o delator se mudará nesta quinta-feira (17), em São Paulo, no bairro Vila Nova Conceição, tem apartamentos de um ou dois dormitórios, que vão de 36m² a 57m². Todos têm uma vaga na garagem.

    Para morar em uma das unidades menores e sem mobília, é preciso desembolsar mensalmente R$ 2.000 em aluguel, R$ 850 de condomínio e outros R$ 134 de IPTU.

    A partir de sua chegada, Youssef passará a gozar de 36 m² de área privativa. O apartamento, alugado por quatro meses, será custeado pela família do doleiro, que está sem renda e ainda não sabe o que irá fazer profissionalmente, segundo seus advogados.

    O prédio tem áreas coletivas como jardim, piscina, sala de ginástica, salão de festa e sauna. Apenas a academia, porém, foi liberada pela Justiça ao doleiro, que ficou dois anos e oito meses preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba.

    Foram autorizadas duas sessões semanais de fisioterapia no local, sob recomendação médica (Youssef é cardiopata, teve um infarto no cárcere e foi internado algumas vezes).

    A tornozeleira eletrônica não impedirá Youssef de tirar proveito de restaurantes: de acordo com sites de delivery, mais de 150 estabelecimentos fazem entrega no endereço.

    Dos imóveis que comprou antes da prisão, incluindo hotéis em Porto Seguro, Aparecida e São Luís e que ajudavam a compor sua renda, só sobraram a Youssef dois apartamentos: um em São Paulo, onde mora sua ex-mulher e que fica a 230 metros de distância do seu novo lar, e outro em Londrina (PR), onde o doleiro cresceu e vive uma de suas filhas.

    Todos os outros bens foram entregues à Justiça, como parte do acordo de delação.

    Na carceragem, desde a última semana, o clima é de despedida: o delator tem aproveitado para agradecer a delegados, investigadores e carcereiros, além de seus advogados.

    Youssef deve ficar em regime domiciliar por quatro meses, até março de 2017, quando passa ao regime aberto. Até lá, ele não poderá sair de casa –apenas para cumprir ordens judiciais como depoimentos e oitivas.

    Se reincidir no crime, ele terá o acordo quebrado e pode ser preso novamente, além de perder os benefícios que obteve, como regime diferenciado e suspensão de pena.

    O doleiro já foi condenado em nove ações, e responde a outras quatro, ainda em andamento.

    NOVO VIZINHO

    Os moradores do edifício não se surpreenderão ao encontrar o doleiro em alguma das áreas comuns –ficaram sabendo da vinda do delator com dois dias de antecedência, por ocasião de uma reportagem de telejornal.

    De acordo com o zelador do prédio, que se recusa a responder perguntas sobre a unidade a ser habitada por Youssef, fotógrafos e cinegrafistas passaram a visitar a rua para registrar imagens da fachada.

    O edifício foi erguido há 10 anos pela construtora Barbara, que não é investigada na Operação Lava Jato.

    A região é repleta de ruas estreitas e grandes torres. Se uma visita deseja entrar com o carro na garagem, o expediente padrão é buzinar do lado de fora para que o porteiro do prédio venha atender na janela do veículo, retorne à sua cabine e interfone ao anfitrião.

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