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    Lava Jato

    Em dia de invasão, Câmara volta a discutir anistia a alvos da Lava Jato

    RANIER BRAGON
    DANIEL CARVALHO
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    17/11/2016 02h00

    Alan Marques - 4.out.16/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 04.10.2016. O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia, comanda sessão de votação que tem em sua pauta o projeto do super simples e o projeto de lei que altera a participação da Petrobrás na partilha do Pré-sal. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

    No mesmo momento em que o plenário da Câmara vivia um momento caótico, com a invasão de um grupo que pedia a volta dos militares ao poder, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reuniu na tarde desta quarta-feira (16) em seu gabinete líderes e integrantes dos principais partidos políticos para discutir a proposta de anistia aos políticos alvos da Lava Jato.

    Operação nesse sentido acabou frustrada em setembro, mas as principais siglas decidiram assumir o desgaste de aprovar a medida, conforme informou a coluna Painel nesta quarta.

    O argumento é o de que é preferível enfrentar a opinião pública agora do que as consequências da delação premiada que a Odebrecht está fechando com as autoridades —espera-se que mais de uma centena de políticos sejam incriminados.

    Ainda não houve consenso sobre o texto final da anistia. Grande parte dos deputados defende que na proposta de criminalização explícita do caixa dois eleitoral haja uma emenda explícita que passe uma borracha nos crimes passados e que vede a possibilidade de o Judiciário enquadrar a prática em outros crimes, como corrupção e lavagem de dinheiro.

    A criminalização específica do caixa dois faz parte do pacote de dez medidas do Ministério Público federal, em análise na comissão especial da Câmara.

    A votação do pacote, que ocorreria nesta quarta, foi adiada para a manhã desta quinta (17), mas pode sofrer nova protelação.

    Deputados de diversos partidos pressionam o relator na comissão, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), para que ele recue e inclua novamente em seu texto o artigo que endurece as regras de punição a juízes, procuradores e promotores que cometerem crimes.

    Sob esse pretexto, ameaçam derrubar o relatório e aprovar um outro texto, mais ameno e que contenha a anistia explícita. Uma série de substituições de membros da comissão realizadas nas últimas horas teria por objetivo justamente a aprovação da nova redação.

    Outra possibilidade é que algum parlamentar ou partido —ou um conjunto deles— apresente emenda de plenário a algum texto que será apreciado pelos parlamentares na próxima semana.

    PLANALTO

    O presidente Michel Temer está convencido de que a repercussão da anistia ao caixa dois será bastante negativa diante da opinião pública, mas já sabe qual discurso adotar caso os parlamentares consigam aprovar a medida.

    Dirá que é preciso respeitar um princípio básico do direito que estabelece que, quando uma pena é criada, não pode retroagir contra o réu. Dessa forma, após consultar diversos advogados sobre o assunto, Temer vai endossar a ideia de que é preciso punir daqui para a frente, e não o que já passou.

    Oficialmente a ordem é que o Planalto não se envolva nas negociações, tratando-as como um assunto do Congresso.

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