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    Propina a aliados de Sérgio Cabral era chamada de 'taxa de oxigênio'

    ITALO NOGUEIRA
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO
    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    17/11/2016 12h19 - Atualizado às 15h55

    Os investigadores da Operação Calicute, que levou à prisão do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) nesta quinta (17), relatam que a suposta propina paga por empreiteiras dentro da Secretaria de Obras do Estado era chamada de "taxa de oxigênio".

    De acordo com a força-tarefa da Lava Jato no Rio, que atuou em conjunto com a equipe de Curitiba na investigação, o "O2", como também foi chamado, era destinado ao ex-secretário da pasta, Hudson Braga, também preso na operação.

    A "taxa de oxigênio" era de 1% dos valores dos contratos. Já Cabral recebia 5% dos valores.

    De acordo com O Ministério Público Federal no Rio, as propinas eram pagas em forma de mesada. A Andrade Gutierrez pagava R$ 350 mil por mês e a Carioca Engenharia, R$ 500 mil a partir do segundo mandato do ex-governador –era R$ 200 mil no primeiro.

    Os recursos eram repassados de diferentes formas, de acordo com os investigadores. Parte vinha de contratos fictícios de consultoria por meio do empresário Adir Assad, que repassava os recursos à quadrilha.

    Outra parte era repassado em espécie. De acordo com a Lava Jato, Cabral tinha como principal operador e controlador do pagamento de propina o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, também preso pela PF.

    Os responsáveis por recolher o valor em espécie seriam Carlos Emanuel Miranda e Luiz Carlos Bezerra, também detidos na operação.

    De acordo com os procuradores, o dinheiro era coletado em mochilas. Em 14 de outubro de 2008, Miranda viajou a São Paulo exclusivamente para recolher a propina da Andrade Gutierrez, que não tinha os recursos em espécie para repassar à quadrilha de Cabral, sempre segundo os procuradores.

    Já Hudson Braga tinha como operadores José Orlando Rabelo e Wagner Jordão Garcia, responsáveis por coletar a "taxa de oxigênio".

    Segundo o procurador Eduardo El Hage, membro da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o termo "taxa de oxigênio" foi identificado num e-mail enviado por Alex Sardinha, da construtora Oriente, em que menciona o repasse de R$ 77,8 mil referente a uma fatura paga à empresa.

    Sardinha teve a prisão temporária decretada.

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