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    Lava Jato

    Odebrecht pedirá desculpas em anúncio em jornais

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    24/11/2016 02h00

    Rodrigo Félix Leal - 1º.set.2015/Futura Press/Folhapress
    Marcelo Odebrecht, em depoimento na CPI da Petrobras, na sede da Justiça Federal, em Curitiba (PR)
    Marcelo Odebrecht, em depoimento na CPI da Petrobras, na sede da Justiça Federal, em Curitiba (PR)

    Um dia depois de seus 78 executivos assinarem acordo de delação com a Procuradoria Geral da República, o que pode ocorrer nesta quinta (24), a Odebrecht vai publicar um anúncio de duas páginas nos principais jornais do país com um pedido de desculpas à população pelo fato de o grupo ter-se valido de corrupção para fechar contratos de obras públicas.

    O anúncio da Odebrecht, segundo a Folha apurou, vai dizer que os acordos de delação e de leniência significam uma virada de página na história da empreiteira. Acordo de leniência é uma espécie de delação para empresas.

    Sem isso, a Odebrecht poderia ser proibida de fazer obras públicas.

    O grupo vai informar ainda que reforçará os mecanismos de controle ético, chamado nas corporações de "compliance", para evitar que seus executivos se envolvam com práticas ilícitas.

    A intenção da Odebrecht é mostrar que a empresa errou e irá se reinventar depois da Lava Jato. Uma das expectativas do grupo é que sua atitude influencie outras empreiteiras e ajude a reduzir o grau de corrupção nos negócios públicos no país.

    Porte para isso o grupo tem. A Odebrecht é a maior empreiteira do país, com uma receita de R$ 132 bilhões no ano passado.

    O acordo da Odebrecht deve ser um dos maiores do mundo segundo vários critérios: pelo número de executivos que confessaram práticas criminosas (78), pelo valor da multa a ser paga (entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões) e pelo números de políticos e agentes públicos que serão delatados. O valor será dividido entre Brasil, Estados Unidos e Suíça, porque a Odebrecht também praticou crimes nesses países.

    Acordo de peso

    ODEBRECHT ?EM NÚMEROS - Em R$ bilhões

    ANTECIPAÇÃO

    A estratégia do grupo é antecipar-se a um eventual ordem do juiz Sergio Moro para que a Odebrecht peça desculpas, tal qual o magistrado fez com a Andrade Gutierrez.

    Em maio deste ano, quando homologou os acordos de delação dessa empreiteira, Moro obrigou-a a veicular anúncios por considerar que a empresa dissera inverdades sobre a Lava Jato.

    Antes de fechar o acordo de delação, a Andrade Gutierrez publicara um anúncio com críticas duras à operação, no qual dizia que a prisão de seus executivos "foram desnecessárias e ilegais" e que não havia provas de que participara de um cartel que atuava na Petrobras.

    Posteriormente, a Andrade Gutierrez reconheceu que pagou propina não só na Petrobras, mas em obras da Eletronorte, como a usina de Belo Monte, em estádios da Copa de 2014 e na ferrovia Norte-Sul. Confessou também que dividia obras com outras empreiteiras na estatal de petróleo e outras empresas públicas, o que caracteriza a prática de cartel.

    Moro afirmou na decisão que a intenção da Justiça ao obrigar a Andrade a publicar o anúncio não era "humilhar a empresa".

    "Nunca a ação da Justiça teve esse propósito. Ao contrário, o reconhecimento público dos ilícitos, acompanhado da publicização de que a empresa está tomando providências sérias para repará-los, somente trará ganhos à reputação da Andrade Gutierrez", afirmou.

    A Odebrecht nunca publicou anúncios contra a Lava Jato, mas seus advogados adotaram uma estratégia extremamente agressiva contra o juiz Moro.

    O resultado é que o acordo da Odebrecht é considerado um dos mais duros em termos de multas e penas.

    Editoria de Arte/Folhapress
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