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    Advogados da Odebrecht dizem que ficaram a pão de queijo e água

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    25/11/2016 02h00

    Rodrigo Félix Leal - 1º.set.2015/Futura Press/Folhapress
    Marcelo Odebrecht, em depoimento na CPI da Petrobras, na sede da Justiça Federal, em Curitiba (PR)
    Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro da empreiteira

    Advogados dos funcionários da Odebrecht que farão delação premiada na Operação Lava Jato reclamaram do tratamento que receberam dos procuradores da força-tarefa na quarta-feira (23), data marcada para a assinatura do acordo de colaboração.

    Dezenas de defensores de 77 funcionários da empreiteira, a maioria de fora de Brasília, chegaram logo no início da manhã na sede da Procuradoria-Geral da República. Foram encaminhados para um auditório no primeiro andar do prédio e lá ficaram durante horas sem que um procurador fosse até o local para atendê-los.

    Segundo um defensor que pediu para não ser identificado, ninguém dava satisfação sobre a demora. "Deixaram os advogados o dia todo lá e não tinha sequer um café para quem estava esperando", protestou um defensor que não quis ser identificado.

    Quando a fome bateu, segundo ele, um grupo de advogados resolveu invadir um evento que acontecia numa sala ao lado do auditório, misturou-se aos convidados e atacou a mesa de salgadinhos. O pão de queijo matou a fome, disse o advogado.

    Os procuradores haviam determinado que os advogados levassem para o dia da assinatura do acordo um pendrive contendo o depoimento e toda documentação relativa ao caso de cada réu.

    Por volta do meio dia dois procuradores, enfim, foram até o auditório e disseram que a orientação sobre a entrega dos documentos da delação havia mudado. Eles não deveriam mais ser entregues digitalizados, como o combinado anteriormente, mas sim em papel. Todos os advogados, então, saíram para imprimir os documentos.

    O motivo do sumiço dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato era o impasse em relação ao valor da multa que a Odebrecht terá que pagar no acordo de leniência da empresa e o prazo para fazer esse pagamento.

    Uma parte desse dinheiro ficará no Brasil e outra vai para os Estados Unidos. Uma autoridade do Departamento de Justiça dos EUA está em Brasília e participa das negociações. Como americanos e brasileiros não chegaram a um acordo sobre valores, a negociação emperrou.

    Para agravar a situação no dia seguinte, quinta-feira (24), seria feriado do dia de Ação de Graças nos Estados Unidos e o enviado americano não conseguiria falar com seus superiores para fazer a negociação avançar.

    Já passava das 20h30 de quarta quando, enfim, os procuradores da Lava Jato foram até o auditório para falar com os advogados da Odebrecht.

    Os papéis com as delações foram descartados e os documentos foram entregues em pendrives, como já havia sido combinado na primeira vez. Voltem na quinta, ouviram os defensores. No dia seguinte outra vez não houve assinatura do acordo e no final da tarde funcionários e advogados da empreiteira voltaram para suas cidades de origem.

    A empresa gastou R$ 300 mil movimentando cerca de 100 executivos e advogados.

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