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    Geddel decide deixar o cargo após agravamento de crise política

    LEANDRO COLON
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
    VALDO CRUZ
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    25/11/2016 10h49 - Atualizado às 11h30

    Alan Marques - 6.set.2016/Folhapress
    O ministro Geddel Vieira Lima
    O ministro Geddel Vieira Lima

    O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) decidiu pedir demissão após o agravamento da crise envolvendo seu nome, o presidente Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha.

    A carta com a decisão foi entregue a Temer na manhã desta sexta (25). Antes, Geddel comunicou a aliados que deixaria o cargo, entre eles alguns ministros e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

    "Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair", escreveu Geddel.

    "Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso", ressaltou.

    Na nota, Geddel diz que continuará torcendo pelo governo de Temer. "Capitaneado por um presidente sério, ético e afável no trato com todos", disse.

    Geddel é o sexto ministro a deixar o governo Temer, que assumiu em maio. Antes saíram Marcelo Calero (Cultura), Henrique Alves (Turismo), Fábio Osório (AGU), Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).

    Ministros caídos do Governo Temer

    Com sua demissão, Geddel perderá o foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal). Conforme a Folha informou, a Procuradoria-Geral da República já avalia pedir a abertura de um inquérito contra ele.

    Geddel foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, em entrevista à Folha, de tê-lo pressionado a rever decisão do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) que impede a construção de um empreendimento imobiliário onde o ministro da Secretaria de Governo adquiriu apartamento.

    Em depoimento à Polícia Federal, revelado pelo jornal, Calero disse ainda que o presidente Temer o "enquadrou" no intuito de encontrar uma "saída" para obra de interesse de Geddel.

    Além de Temer e de Geddel, Calero implica também o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O ex-ministro diz à PF ter recebido uma ligação de Padilha após uma conversa ruim com Geddel.

    Leia a carta com o pedido de demissão:

    *

    Reprodução
    Carta de demissão Geddel Vieira Lima
    Carta de demissão de Geddel Vieira Lima

    Salvador, 25 de novembro de 2016

    Meu fraterno amigo Presidente Michel Temer,

    Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair.

    Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso.

    Fiz minha mais profunda reflexão e fruto dela apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo. Retornado a Bahia, sigo como ardoroso torcedor do nosso governo, capitaneado por um Presidente sério, ético e afável no trato com todos, rogando que, sob seus contínuos esforços, tenhamos a cada dia um país melhor. Aos Congressistas, o meu sincero agradecimento pelo apoio e colaboração que deram na aprovação de importantes medidas para o Brasil.

    Um forte abraço, meu querido amigo.

    GEDDEL VIEIRA LIMA

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    ENTENDA O CASO

    Fev.2014
    Projeto de construção La Vue é submetido ao Iphan. Escritório Técnico de Fiscalização, formado por Iphan, governo da Bahia e Prefeitura de Salvador, emite laudo afirmando não ser favorável ao empreendimento por seu impacto paisagístico

    Out
    Órgão que emitiu laudo contrário ao La Vue é extinto pelo Iphan

    Nov
    Coordenador-técnico do Iphan na Bahia, Bruno Tavares, discorda do laudo e emite parecer liberando o empreendimento. Liberação se dá com base em um estudo interno sem valor legal, que delimita área de proteção ao patrimônio no bairro da Barra

    Mar.2015
    Prefeitura de Salvador libera alvará com base no parecer do Iphan. Obras são iniciadas e apartamentos começam a ser vendidos

    Jul
    Vereadores de Salvador criticam empreendimento e Geddel rebate, defendendo o edifício nas redes sociais

    Set
    Instituto dos Arquitetos do Brasil entra com ação civil pública questionando a obra na Justiça

    Mai.2016
    Após análise do empreendimento, Iphan nacional conclui que edifício é incompatível com a região em que está sendo erguido. Familiares de Geddel assinam procuração e passam a representar empreendimento junto ao Iphan

    Nov
    Procuradoria recomenda paralisação do empreendimento. Iphan decide embargar a obra

    18.nov
    Ministro da Cultura, Marcelo Calero, pede demissão; à Folha, afirma ter sido pressionado por Geddel

    Editoria de Arte/Folhapress

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