• Poder

    Friday, 03-May-2024 04:56:06 -03

    Reação de Temer indica envolvimento em favor de ex-ministro, diz oposição

    DÉBORA ÁLVARES
    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    28/11/2016 02h00

    Evaristo Sa-15.jun.2016/AFP
    Michel Temer e Geddel durante reunião no Palácio do Planalto
    Michel Temer e o ex-ministro Geddel Vieira Lima durante reunião no Palácio do Planalto

    A oposição considerou a tentativa do presidente Michel Temer de se descolar do episódio de seu amigo Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo, como uma confirmação de seu envolvimento no caso.

    Para o líder da Rede na Câmara, Alessandro Molon (RJ), a interferência de Temer em favor de Geddel ficou clara quando o presidente afirmou ter conversado com Calero na tentativa de "solucionar um conflito entre órgãos".

    A chegada da crise ao gabinete de Temer, com a divulgação do depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero à Polícia Federal, desencadeou reação automática na oposição.

    Nesta segunda-feira (28) serão protocolados pelo menos dois pedidos de impeachment contra o presidente.

    Um dos pedidos será do PSOL. Para o líder do partido na Câmara, Ivan Valente (SP), o episódio mostrou que houve crime de responsabilidade por descumprimento à lei de improbidade.

    "Temer constrangeu e ameaçou um funcionário subordinado, o que prova que estava arbitrando em favor de Geddel", disse Valente.

    O outro pedido deve ser assinado por movimentos sociais, mas está sendo organizado pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Ele se baseia na prática da advocacia administrativa e um possível tráfico de influência.

    Para a advogada Janaína Pascoal, uma das autoras do pedido de impeachment que culminou no afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, o momento é diferente e os pedidos de afastamento de Temer são "imaturos".

    "Nenhuma das argumentações podem ser comprovadas com base no que se sabe até o momento," afirmou.

    GRAVAÇÕES

    Parlamentares da oposição começam a questionar o conteúdo das gravações do ex-ministro Calero. Para eles, esse material –que ainda não veio a público– pode dar força aos pedidos de impeachment que serão protocolados.

    Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), pode até haver um questionamento sobre a lealdade do ministro, "mas a gravação não é ilegal".

    "O mais importante é saber o conteúdo dessa gravação. Não é algo usualmente feito, mas não devemos diminuir a gravidade do que Temer fez [possível pressão sobre Calero]", afirmou o petista.

    APOIO

    Governistas consideram "absurda" a forma como Calero lidou com a situação.

    "Todos nós lidamos com pressão todos os dias. Recebemos um milhão de pedidos de todos os tipos. Se não sabemos como nos portar, de fato não estamos prontos para o cargo", afirmou um ministro de Temer em condição de anonimato.

    Presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (PR-BA) diz que "a mínima hipótese de gravar uma conversa com um presidente da República é absurda". Ele defende que Calero seja enquadrado na Lei de Segurança Nacional por caluniar ou difamar o presidente da República.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024