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    Oposição pede à PGR que investigue Temer em caso de prédio de Geddel

    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE BRASÍLIA

    28/11/2016 19h10

    Evaristo Sa-15.jun.2016/AFP
    (FILES) This file photo taken on June 15, 2016 shows then Brazilian acting President Michel Temer (R) and the General Secretary of the Brazilian Presidency Geddel Vieira Lima speaking during a meeting with party leaders of the National Congress at Planalto Palace in Brasilia. Vieira Lima resigned on November 25, 2016 amid a political crisis in Brazil. Brazilian President Michel Temer denied Thursday having "prompting" any of his ministers to take a decision that would "hurt his convictions", after former Brazilian Culture Minister Marcelo Calero declared having been put pressure on a case about real estate interests. / AFP PHOTO / EVARISTO SA ORG XMIT: ESA1252
    O ex-ministro Geddel Vieira Lima e o presidente Michel Temer em reunião no Palácio do Planalto

    Deputados e senadores do PT e do PC do B protocolaram, na tarde desta segunda-feira (28), uma representação na PGR (Procuradoria-Geral da República) com pedido de investigação do presidente Michel Temer pelos supostos crimes de concussão e advocacia administrativa.

    A base da representação são as denúncias feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero contra o também ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima.

    Calero afirmou em entrevistas e em depoimento à Polícia Federal que foi pressionado por Geddel a rever uma decisão do Iphan (instituto do patrimônio histórico) nacional, subordinado ao Ministério da Cultura, que embargou as obras de um prédio em Salvador, onde Geddel teria comprado um apartamento.

    O ex-titular da Cultura disse também que foi "enquadrado" pelo presidente Michel Temer e procurado pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e por Gustavo Rocha, assessor jurídico da Presidência, para encontrar uma saída para o impasse com Geddel.

    Conforme a peça entregue à PGR, Geddel é suspeito de praticar os crimes de concussão (exigir vantagem, em razão da função que ocupa) e advocacia administrativa (usar o cargo para patrocinar interesse privado). Temer, no entendimento da oposição, também é suspeito dos mesmos crimes, por omissão, como previsto no Código Penal.

    OMISSÃO

    "O comportamento do sr. presidente da República aperfeiçoou o resultado da conduta ilegal de Geddel Vieira Lima, pois foi a conduta do sr. presidente que tornou insustentável ao sujeito passivo do crime de concussão [Calero] a sua permanência no governo", alega a oposição.

    A nota oficial do Planalto, que afirma que Temer "conversou duas vezes com o então titular da Cultura para solucionar impasse na sua equipe e evitar conflitos entre seus ministros de Estado", é apontada pelos parlamentares como uma espécie de "confissão" do presidente. Para eles, Temer deveria ter desautorizado Geddel, que estava cometendo crimes, e não ter interferido no assunto.

    O presidente tem afirmado que, diante do impasse entre o Iphan da Bahia, que havia permitido a obra, e o Iphan nacional, que a embargou, recomendou a Calero que remetesse o caso à AGU (Advocacia-Geral da União). Padilha e Rocha deram explicação semelhante sobre o que teriam dito a Calero.

    Para a oposição, a solução proposta por Temer, Padilha e Rocha "artificializa um conflito de órgãos da administração, travestindo de interesse público um interesse particular de um ministro de Estado".

    "A omissão deliberada do sr. presidente da República, somada à conduta de seu preposto [Rocha] de, em seu nome, reforçar uma saída inadequada a um caso marcado pela ilegalidade da conduta de um ministro de Estado [Geddel], [...] consubstanciou a consumação de graves crimes contra a Administração Pública", afirma a representação.

    Também nesta segunda o PSOL protocolou na Câmara um pedido de impeachment de Temer. Já a PGR solicitou à Polícia Federal áudios gravados por Calero em conversas sobre o caso, para avaliar a abertura de um inquérito perante o STF (Supremo Tribunal Federal).

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