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    Senado derruba manobra de Renan para votar medidas anticorrupção

    DE BRASÍLIA

    30/11/2016 19h47 - Atualizado às 21h06

    Alan Marques/ Folhapress
    O presidente do Senado, Renan Calheiros, durante sessão
    O presidente do Senado, Renan Calheiros, durante sessão

    O plenário do Senado rejeitou um requerimento de urgência para votar ainda nesta quarta o pacote de medidas anticorrupção aprovado pela Câmara nesta madrugada.

    Foram 44 votos contrários e 14 a favor da urgência. A proposta de acelerar a votação foi feita pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), em articulação com líderes de outros partidos.

    O documento foi assinado pelas lideranças do PMDB, PSD e PTC.

    A reação de Renan se deu após as manifestações dos procuradores, que criticaram a votação da Câmara e chegaram a afirmar que deixariam a Lava Jato caso as medidas fossem sancionadas.

    Logo em seguida, Renan deu nova declaração, visivelmente irritado. Disse que a votação do pacote "é uma decisão sobre a qual não pode haver pressão externa" e que "não se pode fazer cadeia nacional para pressionar por nada que absolutamente conteste, esvazie o estado democrático de direito.

    Os únicos senadores que se manifestaram, no plenário, contra a votação a jato da proposta foram Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Álvaro Dias, Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e Cristovam Buarque (PPS-DF).

    Apesar disso, os demais se manifestaram contra no voto. Nos bastidores, mesmo parlamentares do PMDB de Renan e Eunício reclamaram da negociação. A avaliação geral é que não está na hora de encarar um desgaste "desse tamanho" e "confrontar" o Ministério Público.

    Enquanto os senadores discutiam no plenário, uma intensa movimentação ocorria, especialmente entre partidos que têm integrantes envolvidos na Lava Jato: PMDB, PT, PP, PSB e PTC.

    Embora tenha assinado o requerimento para acelerar a votação em nome de seu partido, o líder do PSD, Omar Aziz (AM), estava presente no plenário, mas preferiu não votar. Quem também não registrou voto foi o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR).

    Nos bastidores, a análise é que Renan já sabia que seria derrotado, como um velho conhecedor da temperatura da Casa. Contudo, decidiu agir "com o fígado", e confrontar os procuradores, passando-lhes "um susto".

    Com a derrota, Renan terá de enviar a proposta a uma comissão. A tramitação normal faz com a proposta leve mais tempo para ser votada. Ela deve ser analisada, pelo menos, pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

    Apesar disso, há outra proposta em tramitação no Senado capitaneada por Renan que também confronta o Judiciário, trata-se do projeto de lei contra o abuso de autoridade. A previsão é que o texto, mesmo sem passar por comissões, seja analisado pelo plenário da Casa em 6 de dezembro.

    Na quinta (1), haverá mais uma rodada de discussão sobre o tema. O juiz Sergio Moro, responsável pela operação Lava Jato em Curitiba, e o ministro do STF Gilmar Mendes devem participar.

    Veja quem votou a favor de acelerar a tramitação das medidas anticorrupção desfiguradas pelos deputados:

    Zezé Perrella (PTB-MG)

    Hélio José (PMDB-DF)

    Roberto Requião (PMDB-PR)

    Valdir Raupp (PMDB-RO)

    José Alberto (PMDB-MA)

    Fernando Coelho (PSB-PE)

    Ivo Cassol (PP-RO)

    Benedito de Lira (PP-AL)

    Ciro Nogueira (PP-PI)

    Vicentinho Alves (PR-TO)

    Lindbergh Farias (PT-RJ)

    Humberto Costa (PT-PE)

    Fernando Collor (PTC-AL)

    Pastor Valadares (PDT-RO)

    DE DEZ A UMA - Das dez medidas, só uma foi mantida integralmente

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