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    Renan poderá virar réu de ação penal no Supremo nesta quinta-feira

    DE SÃO PAULO
    DE BRASÍLIA

    01/12/2016 09h32 - Atualizado às 09h57

    Alan Marques 30.nov.2016/Folhapress
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante sessão de votação no plenário da Casa
    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante sessão de votação no plenário da Casa

    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), poderá virar alvo de uma ação penal nesta quinta-feira (1º) por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). A corte julgará se aceita a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra o senador.

    Se a acusação for acolhida pelo plenário do Supremo, Renan passa a ser réu, respondendo pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.

    O parlamentar alagoense é acusado de usar dinheiro de empreiteira para pagar pensão a uma filha que teve fora do casamento. O escândalo, divulgado em 2007, foi um dos fatores que o levaram a renunciar à presidência do Senado na época.

    A denúncia contra Renan só foi oferecida pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em 2013. Se o Supremo aceitá-la nesta quinta, o presidente do Senado se torna réu em uma ação penal pela primeira vez. Ele é investigado no STF em mais 11 inquéritos, alguns derivados de operações como a Lava Jato e a Zelotes, e nega qualquer irregularidade.

    Para justificar os pagamentos, o senador apresentou documentos e disse que uma parte do dinheiro era proveniente de venda de gado, o que seria falso. De acordo com a PGR, ele inseriu "informações diversas das que deveriam ser escritas sobre seus ganhos com atividade rural, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, sua capacidade financeira".

    O caso hoje tramita em segredo de Justiça. A soma das penas previstas para os crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso pode chegar a 23 anos de prisão, mais multa.

    MANOBRA

    Na quarta, Renan protagonizou uma manobra para votar a toque de caixa um pacote de medidas anticorrupção que prevê punição a juízes e procuradores, mas acabou derrotado.

    Enviado pela Câmara no mesmo dia, o pacote é uma versão desfigurada das propostas inicialmente apresentadas pelo Ministério Público Federal.

    Após a intervenção dos deputados, a proposta passou a incluir a previsão de que juízes e integrantes do Ministério Público respondam por crime de abuso de autoridade com base em várias condutas, algumas de caráter subjetivo.

    Além disso, a Câmara derrubou pontos importantes do projeto original, como a tipificação do crime de enriquecimento ilícito de funcionário público, a ideia de tornar a prescrição dos crimes mais difícil e a de facilitar a retirada de bens adquiridos com a atividade criminosa.

    Após acordo com líderes partidários, Renan havia feito um requerimento de urgência para pautar a versão enviada pelos deputados, mas o plenário rejeitou o pedido por 44 votos a 14.

    Em entrevista à Folha, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, disse que se recusava a acreditar que a pauta do STF desta quinta tenha sido a causa da manobra de Renan.

    "Me recuso a acreditar que, por trás deste ato (votação no Senado), esteja a demonstração de Poder de um chefe de Poder. Seria lastimável que um chefe de Poder utilizasse de sua cadeira ou caneta para influir num outro Poder de modo a obter alguma vantagem para si próprio", afirmou

    OUTRO LADO

    Em nota, o presidente do Senado afirmou que foi ele quem "pediu oficialmente" a investigação e "é o maior interessado nesse julgamento".

    O peemedebista disse estar "tranquilo" e "confiante" na Justiça e aponta supostas incompatibilidades entre diferentes investigações em curso no STF.

    "Em um inquérito o senador responde por não ter os recursos [e pagar pensão com dinheiro de empreiteira]. Em outro, por dispor dos meios financeiros antes inexistentes", diz a nota, referindo-se a inquérito que apura um suposto repasse indevido a Renan.

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