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    Prefeita de Ribeirão Preto é presa por suspeita de fraude em contratos

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    02/12/2016 08h00 - Atualizado às 21h33

    Joel Silva/Folhapress
    A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), deixa a sede da PF em Ribeirão após ser presa
    A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), deixa a sede da PF em Ribeirão após ser presa

    A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), foi presa preventivamente na sexta (2) na segunda fase da operação Sevandija, que apura fraudes em contratos de licitações da prefeitura que somam R$ 203 milhões.

    Dárcy foi presa em sua casa, no bairro Ribeirânia, na etapa intitulada "Mamãe Noel". Além dela, foram presos os ex-advogados do Sindicato dos Servidores Maria Zuely Alves Librandi e Sandro Rovani e o ex-secretário da Administração Marco Antonio dos Santos. Os três já tinham sido detidos na primeira fase da operação, deflagrada em 1º de setembro.

    As prisões foram resultados de processos distintos. O mandado de prisão de Dárcy foi expedido pelo TJ (Tribunal de Justiça), enquanto o que levou os outros três à prisão é oriundo da Justiça local.

    Além da prisão, Dárcy teve os bens bloqueados e foi afastada do cargo, em cumprimento à decisão do desembargador Marcos Correa, da 6ª Câmara de Direito Criminal do TJ. A Procuradoria-Geral de Justiça ofereceu denúncia contra ela pelos crimes de corrupção passiva, peculato e associação criminosa.

    A investigação apontou o pagamento ilegal de honorários à advogada Maria Zuely, a partir de documentos em delação premiada. A quebra do sigilo da prefeita mostrou, diz a operação, movimentação financeira incompatível com a renda entre 2010 e 2015.

    O nome da fase se deve, segundo a PF, às evidências de que Maria Zuely repassou, entre 2013 e 2016, mais de R$ 5 milhões a outros envolvidos.

    Segundo o promotor Leonardo Romanelli, havia esquema de corrupção sistêmica no governo. "Durante a investigação, já mostravam que adotavam cautelas para iludir, enganar as investigações. A ex-advogada se dispôs a colaborar, firmou pré-acordo de delação premiada, o qual rapidamente se mostrou mentiroso."

    A origem da suspeita está em acordo judicial que resultou no parcelamento de R$ 800 milhões a serem pagos a servidores devido a perdas decorrentes do Plano Collor. Já foram pagos mais de R$ 300 milhões, além de R$ 45 milhões em honorários.

    Dárcy, segundo disse aos promotores o ex-presidente do sindicato Wagner Rodrigues, teria recebido R$ 4 milhões em propina. Os promotores não confirmam se ele é o delator que gerou a prisão.

    Os documentos foram fraudados, segundo a Promotoria, em 2012, num termo de aditamento de um acordo inicial assinado quatro anos antes, na gestão do ex-prefeito Welson Gasparini (PSDB).

    Além das prisões, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Ribeirão, Cajuru e Indaiatuba.

    Em Cajuru, o alvo foi fazenda em nome de Zuely, onde membros da operação disseram ter encontrado uma academia ao ar livre igual às instaladas pelo poder público em Ribeirão. Em Ribeirão, casas e escritórios de advocacia dos detidos foram os alvos.

    Ribeirão pode viver vazio de poder até a posse do futuro prefeito, Duarte Nogueira (PSDB), em janeiro. O vice de Dárcy, Marinho Sampaio (PMDB), divulgou nota afirmando que não comandará a cidade nos próximos 14 dias, e admitiu a hipótese de renunciar.

    OUTRO LADO

    A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), não é culpada das acusações feitas contra ela e conseguirá provar isso, afirmou sua advogada, Maria Cláudia Seixas.

    De acordo com ela, todas as vezes em que Dárcy foi intimada prestou depoimento. "Não se furtou a nenhum tipo de esclarecimento dentro do procedimento que está em trâmite na Procuradoria."

    A defensora da prefeita afirma desde o surgimento das denúncias que Dárcy nega ter recebido propina.

    Seixas disse ainda que não tinha tido acesso ao processo e que precisa conhecê-lo para saber os reais motivos que levaram à prisão preventiva da prefeita.

    Questionada se Dárcy era chefe do esquema criminoso, como apontam as investigações da Operação Sevandija, ela disse que "quem vai esclarecer tudo isso é o trâmite do processo".

    A Folha não conseguiu contato com as defesas de Maria Zuely, Marco Antonio dos Santos e Sandro Rovani.

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