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    Presa, prefeita de Ribeirão passará final de semana na PF em São Paulo

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    03/12/2016 17h08

    Presa nesta sexta-feira (2) sob a suspeita de corrupção passiva, peculato e associação criminosa, a prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), passará o fim de semana na superintendência da PF (Polícia Federal), em São Paulo.

    Dárcy foi detida por policiais em sua casa às 6h20 e levada à sede da PF na cidade. Ficou no local até as 10h e foi transferida para a capital.

    Ela foi presa preventivamente na operação Mamãe Noel, segunda fase da Sevandija, que apura fraudes em contratos de licitações da prefeitura que somam R$ 203 milhões.

    As prisões foram resultados de processos distintos. O mandado contra Dárcy foi expedido pelo TJ (Tribunal de Justiça), enquanto o que levou os outros três à prisão é oriundo da Justiça local.

    A prefeita teve ainda os bens bloqueados e foi afastada do cargo, em cumprimento à decisão do desembargador Marcos Correa, da 6ª Câmara de Direito Criminal do TJ. A denúncia contra ela foi oferecida pela Procuradoria-Geral de Justiça.

    Ela está numa cela de 9 metros quadrados, ocupada por uma cama, mesa, banco, pia e sanitário. Além de Dárcy, está na superintendência da PF a advogada Maria Zuely Alves Librandi, também presa na operação.

    Os outros dois detidos nesta sexta, o advogado Sandro Rovani e o ex-secretário (Administração) Marco Antônio dos Santos, estão no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Ribeirão Preto.

    O ESQUEMA

    A investigação apontou o pagamento ilegal de honorários à advogada Maria Zuely, a partir de documentos em delação premiada do ex-presidente do Sindicato dos Servidores Wagner Rodrigues, que foi candidato à prefeitura pelo PC do B.

    A quebra do sigilo da prefeita mostrou, diz a operação, movimentação financeira incompatível com a renda entre 2010 e 2015.

    O nome da fase se deve, segundo a PF, às evidências de que Maria Zuely repassou, entre 2013 e 2016, mais de R$ 5 milhões a outros envolvidos.

    A origem da suspeita está em acordo judicial que resultou no parcelamento de R$ 800 milhões a serem pagos a servidores devido a perdas decorrentes do Plano Collor. Já foram pagos mais de R$ 300 milhões, além de R$ 45 milhões em honorários -que, para a Promotoria, são indevidos.

    Segundo o promotor Leonardo Romanelli, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), havia um esquema de corrupção sistêmica na prefeitura.

    "Durante a investigação, já mostravam que adotavam cautelas para iludir, enganar as investigações. A ex-advogada se dispôs a colaborar, firmou pré-acordo de delação premiada, o qual rapidamente se mostrou mentiroso."

    OUTRO LADO

    Dárcy não é culpada das acusações feitas contra ela e conseguirá provar isso, afirmou sua advogada, Maria Cláudia Seixas.

    De acordo com ela, todas as vezes em que Dárcy foi intimada prestou depoimento. "Não se furtou a nenhum tipo de esclarecimento dentro do procedimento que está em trâmite na Procuradoria."

    A defensora da prefeita afirma desde o surgimento das denúncias que Dárcy nega ter recebido propina.

    Seixas disse ainda que não tinha tido acesso ao processo e que precisa conhecê-lo para saber os reais motivos que levaram à prisão preventiva da prefeita.

    Os outros três detidos nesta sexta-feira já tinham sido presos na fase inicial da Sevandija. Seus defensores alegam inocência deles.

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