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    Lava Jato

    Joalherias serão investigadas por 'parceria' com Cabral

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    07/12/2016 13h28

    Italo Nogueira/Folhapress
    O ex-governador Sérgio Cabral tira foto, ao lado da mulher Adriana Ancelmo, com eleitora em escola municipal na zona sul do Rio
    O ex-governador Sérgio Cabral tira foto, ao lado da mulher Adriana Ancelmo, com eleitora em escola municipal na zona sul do Rio

    O procurador regional José Augusto Vagos afirmou que os estabelecimentos em que o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) adquiriu joias em dinheiro vivo sem nota fiscal serão investigadas.

    Cabral e a ex-primeira-dama gastaram R$ 6,5 milhões em joias desde 2007 na H. Stern e Antônio Bernardo. As compras mais caras não tiveram emissão de nota fiscal nem comunicação ao Coaf –exigência em compras acima de R$ 10 mil.

    "Há indícios de que houve uma certa parceria e conivência das joalheria. Estamos abrindo novas investigações porque essa lavagem pode ter ocorrido em outros âmbitos", disse Vagos.

    O delegado Tácio Muzzi afirmou que a joalheria Antônio Bernardo dificultou a entrega das evidências solicitadas pelos investigadores. Isso motivou uma busca e apreensão na sede da empresa, no Shopping da Gávea.

    Após a ação, a joalheria admitiu que Cabral e Adriana Ancelmo eram identificados por codinomes no sistema interno da empresa –"Ramos Filho" e "Lurdinha", respectivamente.

    Na maioria das vezes, as joias eram escolhidas pelo casal em seu apartamento, onde vendedoras apresentavam lançamentos.

    O pagamento era feito, inicialmente, com a apresentação de cheques-caução vinculados a contas do economista Carlos Emanuel Miranda, apontado pelo Ministério Público como operador da propina. No dia da compensação, eles eram descartados e substituídos por dinheiro vivo, entregue por Miranda, Luiz Carlos Bezerra ou Pedro Ramos, assessores do ex-governador.

    A PF encontrou cem unidades de joias ou bijuterias no apartamento da ex-primeira-dama na busca e apreensão realizada nesta terça-feira (7). O material ainda será analisado pela perícia para avaliar seu valor.

    No dia 17, agentes haviam localizado 40 joias no apartamento, cujo valor somado é de R$ 2 milhões. Nesse lote não se encontravam as mais valiosas adquiridas por Cabral, que superam o valor de R$ 600 mil. Há a suspeita de ocultação dessas peças.

    Vagos afirmou também que seria "desejável" que outros familiares de Cabral que tenham recebido joias de presente entregasse o material à Polícia Federal. Boa parte das compras eram feitas no fim de ano, possivelmente como presente de Natal.

    OUTRAS INVESTIGAÇÕES

    A denúncia apresentada nesta terça pelo Ministério Público contra Cabral, a ex-primeira-dama e outros 11 acusados refere-se apenas às investigações sobre propina paga pela Andrade Gutierrez.

    O coordenador da Lava Jato no Rio, procurador Lauro Coelho Junior, afirmou que outros inquéritos serão abertos para apurar novos fatos.

    A petição do pedido de prisão de Cabral, do mês passado, citava por exemplo propina paga pela Carioca Engenharia. Esse caso deve ser objeto de uma outra denúncia.

    De acordo com as investigações, Cabral e seus assessores cobravam 6% de propina sobre grandes obras no Estado. A estimativa é que o grupo tenha arrecadado ilegalmente R$ 224 milhões.

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