• Poder

    Sunday, 28-Apr-2024 17:54:30 -03

    Lava Jato

    Líder em contratos fez repasses a firmas ligadas a Cabral

    ITALO NOGUEIRA
    DE DO RIO

    08/12/2016 02h00

    Ricardo Moraes- 17.nov.2016/Reuters
    Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, chega à sede da Polícia Federal para dar testemunho, nesta quinta
    Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, na sede da PF

    Grupo com os maiores contratos de terceirização de mão de obra no Estado do Rio, a Facility repassou R$ 1,7 milhão a empresas acusadas de lavar a propina paga ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB).

    Os repasses foram feitos para o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, e para a LRG Consultoria, do economista Carlos Emanuel Miranda, apontado pelo Ministério Público Federal como operador da propina do peemedebista.

    O grupo Facility recebeu R$ 2,8 bilhões do Estado no período em que Cabral era governador. Ele era o responsável por fornecer mão de obra terceirizada em diversos órgãos do governo, como faxineiros e seguranças.

    O empresário Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, antigo dono do grupo, passou a ser conhecido como "rei Arthur" no meio político, em razão dos volumes recebidos por suas empresas.

    Segundo dados da Receita Federal, a Facility repassou R$ 1,017 milhão para o escritório Ancelmo Advogados, por meio da empresa Tiger Vigilância e Segurança.

    O pagamento começou em 2006, um ano antes de Cabral assumir o governo. Os valores durante a gestão do peemedebista, contudo, aumentaram significativamente. Em 2012, a empresa de Soares Filho transferiu R$ 390 mil à banca da ex-primeira-dama.

    Já a empresa de Miranda recebeu R$ 660 mil entre 2007 e 2010, primeiro mandato de Cabral. O último repasse feito para o escritório, de R$ 151 mil, foi feito em 2013.

    Em 2014, mesmo em que Cabral deixou o governo, Soares Filho decidiu negociar a empresa. O grupo foi vendido para o fundo de investimento Rise Internacional, e passou a se chamar Prol.

    A Facility foi acusada em 2011 pelo Ministério Público do Rio por formar um cartel com outras empresas para fraudar licitações no Detran.

    O empresário também foi condenado pela Justiça Federal por fraudar o sistema da Receita Federal para obter vantagens de compensação de créditos tributários no valor de R$ 3,5 milhões. Ela também aparece em relatório do Coaf como tendo movimentado de forma suspeita R$ 80,9 milhões desde 2007.

    As empresas da ex-primeira-dama e Miranda estão no alvo do MPF em razão do faturamento na gestão Cabral.

    O escritório teve "crescimento vertiginoso" na receita do período, segundo a Procuradoria. Já a empresa de Miranda praticamente interrompeu as atividades após o fim do mandato do peemedebista. Os dois são réus no processo da Operação Calicute e estão presos no Complexo Penitenciário de Bangu.

    OUTRO LADO

    Os advogados dos dois não responderam às ligações da reportagem. À PF, a advogada afirmou ter como comprovar os serviços prestados aos clientes que fizeram transferências para sua banca.

    Miranda, por sua vez, afirma que a LRG prestava consultorias presenciais, sem produção de relatórios que possam comprovar o serviço.

    O Grupo Prol, que comprou a Facility, não retornou às ligações da reportagem.

    A PF informou nesta quarta-feira (7) que foram apreendidas 100 joias ou bijuterias na casa da ex-primeira-dama e elas passarão por perícia a fim de avaliar seu real valor.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024