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    Centrão ameaça travar Previdência caso tucano vire ministro

    PAULO GAMA
    DO PAINEL, EM BRASÍLIA
    RANIER BRAGON
    DANIEL CARVALHO
    DE BRASÍLIA

    08/12/2016 16h13 - Atualizado às 18h22

    Sérgio Lima - 27.mar.2014/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 27-03-2014: O deputado Antônio Imbassahy em seu gabinete na liderança do PSDB, na Câmara dos Deputados. Embassay recebeu documentos sobre a refinaria de Pasadena. (Foto: Sérgio Lima/Folhapress, PODER).
    O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA)

    Líderes do chamado "centrão" reagiram à notícia de que Antônio Imbassahy (PSDB-BA) será o novo Secretário de Governo de Michel Temer com a ameaça de travar a Reforma da Previdência, que tem previsão de ser votada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara na próxima terça-feira (13).

    O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), avaliou a escolha como "amadorismo" no Planalto e o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), ameaçou retirar sua candidatura à presidência da Câmara, caso o nome de Imbassahy seja confirmado no cargo.

    "A gente vai derrotar a admissibilidade", diz Paulinho da Força (SD-SP), se referindo à função da CCJ de declarar a proposta constitucional ou não.

    A Folha ouviu outros quatro líderes do grupo, que reúne cerca de 200 deputados de partidos médios e pequenos. Em caráter reservado, eles se manifestaram no mesmo tom.

    O grupo diz ver a decisão do Planalto como uma interferência na disputa pela presidência da Câmara em favor de Rodrigo Maia (DEM-RJ).

    Imabassahy era um dos nomes cogitados para concorrer ao cargo em fevereiro, o que atrapalharia as pretensões do atual presidente da Câmara. Ao nomeá-lo ministro, segundo o grupo, Temer deixaria o caminho livre para Maia.

    Além disso, Maia soma os 48 votos tucanos a seu favor. Com os 28 do DEM e os 66 do PMDB, teria a garantia de 142 dos 513 votos.

    O "centrão" almeja o comando da Câmara e cobra neutralidade de Temer na disputa, sob ameaça de rebelião. O grupo integrado por legendas como PP, PR, PSD e PTB soma cerca de 200 votos, mas há integrantes que apoiam Maia.

    "Caso seja verdade, tem um desequilíbrio [na disputa]. Mas não acredito que [o presidente da República] faria isso. Seria amadorismo. Não convém. Toda ação provoca uma reação. Isso não é bom e o governo sabe disso", afirmou Jovair à Folha.

    Rogério Rosso disse que a indicação de um deputado para um ministério sem um diálogo com a base não faz o perfil de Michel Temer.

    "Pelo compromisso que o presidente tem com o diálogo, ele informaria sua base. Ele sabe que um movimento desses pode ser interpretado como apoio [à candidatura de Rodrigo Maia]. Se isso acontecer, vou falar com minha bancada e reavaliar se manterei minha candidatura", disse Rosso.

    APOIO

    Defensores de que a Secretaria de Governo não saísse do domínio de seu partido, peemedebistas agora dizem que a cessão do espaço ao PSDB á era esperada.

    "O ministério da articulação política não é uma questão partidária. Me dou muito bem com Imbassahy", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-titular da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima.

    Cotado para assumir a liderança do PSB no Senado no próximo ano, Fernando Bezerra Coelho (PE) avalia que a escolha de um nome do PSDB para o cargo significa um compromisso "ainda maior" dos tucanos com o governo Michel Temer.

    "Assegura apoio do PSDB numa área estratégica. É um gesto do PSDB em relação a Temer. Neste sentido, o presidente ganha mais força no Congresso para aprovar medidas importantes", afirmou o senador.

    Um peemedebista diz reservadamente que a mexida de tabuleiro representa uma nova estratégia para o governo Temer. Avalia que é uma tentativa de desobstruir a disputa pela presidência da Câmara e de trazer o PSDB "para a cumplicidade".

    Já um deputado da atual oposição diz que colocar o PSDB na Secretaria de Governo pode ser um tiro no pé já que os tucanos querem disputar a Presidência da República em 2018 e preparam-se para deixar o governo a qualquer momento.

    O parlamentar lembra que a ex-presidente Dilma Rousseff chegou a colocar Michel Temer para cuidar da articulação política de seu governo e acabou sendo defenestrada do Poder com apoio dele.

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