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    Para conter crise, Temer quer acerto com PSDB e novas medidas de crédito

    VALDO CRUZ
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    11/12/2016 18h41 - Atualizado às 15h33
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    Acuado pelo recrudescimento da crise política que atingiu o Palácio do Planalto após a delação da Odebrecht, o presidente Michel Temer discute com aliados uma estratégia que tire seu governo das cordas.

    Segundo a Folha apurou, Temer pretende combinar uma saída política, com a nomeação de um tucano para a Secretaria de Governo, e uma econômica, com o anúncio, ainda este ano, de novas medidas para destravar o mercado de crédito e tentar tirar a economia da recessão.

    A avaliação da equipe do presidente foi bastante pessimista diante da nova pesquisa Datafolha, que mostrou a popularidade de Temer despencar 20 pontos percentuais desde julho, acompanhada da queda na confiança na economia a níveis pré-impeachment.

    O levantamento revelou ainda que 63% da população quer a renúncia imediata do peemedebista para a realização de eleições diretas.

    Diante do cenário reverso, Temer precisa costurar apoio e resolveu finalmente anunciar a nomeação de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para o posto de articulador político do Planalto. O tucano, inclusive, esteve no Jaburu na tarde deste domingo. Oficialmente, o discurso é de que ambos trataram da votação da reforma da Previdência na Câmara.

    Após a reticência do presidente, que chegou a dizer que o tucano iria para o governo somente "no momento oportuno", Temer deve se reunir nesta segunda-feira (12) com Aécio Neves (MG) para bater o martelo.

    Dessa forma, avaliam auxiliares, o peemedebista consegue amarrar de vez o partido aliado e fica menos dependente do chamado centrão, grupo de cerca de 200 deputados que reivindicava a Secretaria de Governo após a saída de Geddel Vieira Lima e chegou a ameaçar retaliação em votações importantes para Temer no Congresso.

    Líder do PSD na Câmara e um dos candidatos do centrão para a presidência da Casa, Rogério Rosso (DF) esteve no Jaburu neste domingo, pouco antes de uma reunião do presidente com o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (secretário de Parcerias e Investimento). Ele afirmou que o presidente "está focado" na aprovação da PEC do Teto no Senado na terça-feira (13).

    "O presidente me autorizou a dizer que está chamando integrantes da equipe econômica hoje [domingo] e amanhã [segunda] cedo e que vai reunir líderes da Câmara na segunda ou terça para falar sobre Previdência", disse Rosso após o encontro.

    JUROS
    Apesar do discurso de esforço para a provação das medidas do pacote de ajuste fiscal no Congresso, o presidente fez um apelo à equipe do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) para que medidas para "facilitação do crédito" sejam anunciadas nas próximas semanas e não mais em janeiro, como era o plano.

    Um dos motivos para a demora na recuperação da economia é a elevação do endividamento de pessoas jurídicas e físicas, o que travou o mercado de crédito.

    A avaliação da equipe econômica, porém, é que medidas pontuais não serão suficientes para fazer o país voltar a crescer e que a solução terá que vir via investimentos de empresas, que só voltarão a com a queda de juros.

    Dessa forma, avaliam auxiliares de Meirelles, a expectativa está em cima da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para janeiro, e que pode reduzir os juros no país.

    Durante o fim de semana, Meirelles se reuniu com representantes de bancos justamente para analisar os motivos do travamento do mercado de crédito e as medidas que podem ser lançadas para reduzir o endividamento de empresas e pessoas físicas e permitir que elas possam acessar novos empréstimos.

    Está ainda sob análise do governo liberar parte do FGTS para que trabalhadores possam quitar dívidas. A liberação dos recursos seria vinculada ao pagamento de débitos e foi proposta pelo Ministério do Planejamento.

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