• Poder

    Thursday, 02-May-2024 16:54:47 -03

    Dilma depõe em Brasília e nega à PF tentativa de obstrução de Justiça

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    13/12/2016 01h09 - Atualizado às 12h47

    Pedro Ladeira/Folhapress
    A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) durante pronunciamento no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF), na tarde desta quarta-feira
    A ex-presidente Dilma Rousseff, no dia em que foi cassada pelo Senado

    A ex-presidente Dilma Rousseff prestou nesta segunda-feira (12) em Brasília seu primeiro depoimento à Polícia Federal como investigada na Operação Lava Jato.

    Acompanhada de seu advogado, Alberto Zacharias Toron, a ex-presidente chegou por volta das 15h à sede da PF na capital e negou às autoridades qualquer tentativa de obstrução de Justiça, suspeita de que é alvo em inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

    Segundo a Folha apurou, Dilma respondeu a perguntas sobre a indicação do ministro Marcelo Navarro ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), à nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comando da Casa Civil e à tentativa do então ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em oferecer ajuda política e financeira ao ex-senador Delcídio do Amaral em troca do silêncio dele.

    O depoimento de Dilma durou cerca de uma hora e, segundo Toron, a petista respondeu a todos os questionamentos. "Ela mostrou claramente que não houve, em hipótese alguma, qualquer tipo de obstrução de Justiça", afirmou o advogado à Folha.

    INQUÉRITO

    Relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki determinou em agosto a abertura de inquérito para investigar a conduta de Dilma e outras seis pessoas: o ex-presidente Lula, os ex-ministros do PT Aloizio Mercadante e José Eduardo Cardozo, e os ministros do STJ Francisco Falcão e Marcelo Navarro.

    A principal suspeita à que Dilma respondeu em seu depoimento desta segunda foi em relação às declarações de Delcídio que, em acordo de delação premiada, afirmou que a então presidente tentou interferir nas investigações por meio do Judiciário.

    Segundo o ex-senador, Dilma indicou Marcelo Navarro para o cargo de ministro do STJ, com ajuda do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do então presidente da corte, Francisco Falcão, sob o compromisso de que ele votasse pela soltura de presos pela Lava Jato, entre eles empreiteiros como Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente do grupo.

    Em depoimento prestado em fevereiro deste ano, Delcídio disse ainda que a investida do Planalto para a nomeação de Navarro não era apenas um "abafa" imediato, mas algo de "maior amplitude e profundidade" que pudesse "mitigar os efeitos da Lava Jato" e não apenas liberar esta ou aquela pessoa.

    Além das declarações do ex-senador do PT a Procuradoria-Geral da República levou em conta, para pedir ao STF a abertura de inquérito contra Dilma, a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil, o que acabou não se concretizando.

    Os investigadores sustentam que a escolha do ex-presidente tinha o objetivo de garantir foro privilegiado ao petista e, assim, permitir que seus inquéritos saíssem das mãos do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

    Após o pedido de Teori, a Procuradoria-Geral e a PF puderam conduzir investigações para conseguir provas de que houve crime de obstrução de Justiça.

    OUTRO LADO

    A assesoria de Mercadante enviou nota à reportagem afirmando que, nas conversas que teve com o assessor de Delcídio, o então ministro "deixou claro que qualquer procedimento de defesa do ex-senador deveria ser feito dentro da mais absoluta legalidade e consistência" e que Mercadante "jamais intercedeu junto à qualquer autoridade".

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024