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    Lava Jato

    Renan acusa Ministério Público de fazer política e não fiscalizar lei

    DÉBORA ÁLVARES
    DANIEL CARVALHO
    LETÍCIA CASADO
    DE BRASÍLIA

    13/12/2016 11h41

    Alan Marques/Folhapress
    O presidente do Senado, Renan Calheiros, comanda sessão de votação da PEC sobre teto de gastos
    O presidente do Senado, Renan Calheiros, comanda sessão de votação da PEC sobre teto de gastos

    Um dia após ser denunciado pela primeira vez no âmbito da Operação Lava Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusou nesta terça-feira (13) o Ministério Público de "fazer política" e ter perdido as condições de "ser o fiscal da lei".

    "O Ministério Público infelizmente passou a fazer política. Quando faz política perde a condição de ser o fiscal da lei. O procurador-geral da República colocou na força-tarefa [da Lava Jato] três destacados juristas, rejeitados pelo Senado para o Conselho Nacional do Ministério Público e Conselho Nacional de Justiça. Isso já demonstra o que ele pretende fazer com o Senado", afirmou Renan.

    "De modo que as conduções coercitivas, as buscas e apreensões, o pedido de prisão, a prisão da Polícia [Legislativa], a usurpação de competência, tudo é decorrente do procurador-geral da República ter colocado como membros da força-tarefa três pessoas rejeitadas pelo Senado", completou.

    Renan chegou a mencionar os nomes dos procuradores Nicolao Dino, Vladimir Aras e Sérgio Saraiva.

    No entanto, nenhum dos três integra a força-tarefa da Lava Jato. O senador ainda confundiu o nome do procurador Saraiva – é Wellington, e não Sérgio.

    Wellington Saraiva é coordenador da assessoria constitucional da PGR. Cuida de temas relacionados a ações constitucionais. Vladimir Aras é o secretário de cooperação jurídica internacional da PGR. Ele atua nos casos de cooperação internacional, como troca de documentos ao exterior. E Nicolao Dino é vice-procurador-geral-eleitoral, área relacionada a temas eleitorais.

    O presidente do Senado afirmou ainda: "As políticas do Ministério Público são de vingança porque o Senado rejeitou esse três nomes".

    Renan e o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) foram denunciados, nesta segunda (12), pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, ao STF (Supremo Tribunal Federal) sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Janot também pediu a perda de mandato dos parlamentares.

    Embora Renan seja investigado em outros sete inquéritos na Lava Jato, essa é a primeira vez que ele é denunciado na operação.

    ABUSO DE AUTORIDADE

    O nome de Renan foi citado na delação de Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht, revelada na última sexta (9). Ele foi acusado de interceder em favor da empresa na aprovação de propostas e receber valores em troca.

    O senador negou, em nota, as acusações. Nesta terça, afirmou que "tem delações e delações". "Ter nome citado porque alguém interpretou que alguém falaria em seu nome, isso é um absurdo, só serve para alimentar um noticiário e permitir um pré-julgamento das pessoas".

    Na semana passada, após dias de incertezas para Renan sobre sua permanência no comando do Senado, ele foi aconselhado por aliados próximos a esquecer a votação da proposta que endurece a punição para abuso de autoridade.

    Nesta terça, contudo, o presidente do Senado, ao ser questionado, deu a entender que pode retomar as discussões sobre o assunto.

    O peemedebista tem usado o tema como uma "toma lá, dá cá" contra o Judiciário, interpretam aliados do senador. Após a denúncia, peemedebistas ouvidos pela Folha não duvidam de que ele possa voltar a "agir com o fígado" e retomar a intenção de votar a matéria.

    Editoria de Arte/Folhapress

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