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    Jornalista é condenado à prisão por calúnia no Paraná

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    16/12/2016 10h33

    O jornalista Celso Nascimento, colunista do jornal paranaense "Gazeta do Povo", foi condenado à prisão por injúria e calúnia ter escrito uma coluna sobre o atraso na construção do metrô de Curitiba.

    A sentença estabeleceu nove meses de detenção ao jornalista, mas, por ser menor que um ano, a pena foi substituída pelo pagamento de multa de R$ 8.800.

    A ação foi movida pelo atual presidente do Tribunal de Contas do Paraná, Ivan Bonilha.

    Na coluna, publicada em novembro de 2014, Nascimento afirma que o processo da licitação do metrô "jazia" no gabinete de Bonilha, e sugere que ele agia sob ordens do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), de quem seria "pupilo" e que é adversário político do prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT).

    Bonilha afirmou que se sentiu "ofendido por ter sido tratado como 'pupilo do governador', tendo em vista sua trajetória profissional", e negou ter atrasado o processo de licitação.

    Segundo ele, os documentos não permaneceram em seu gabinete por mais de 48 horas para despacho.

    O juiz Plínio Augusto Penteado de Carvalho, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, entendeu que as afirmações do jornalista "se mostraram inverídicas", e que ele agiu "com a direta intenção de atingir a imagem" de Bonilha.

    "Fez-se atribuição gravíssima de conduta não apenas desonrosa, mas penalmente típica, vinculando o agir à subserviência ao chefe do Poder Executivo", escreveu o magistrado.

    Nascimento defendeu que "exerceu apenas seu papel crítico e de analista dos fatos, dando interpretação sob seu ponto de vista, como jornalista e no exercício da livre expressão".

    A "Gazeta do Povo" informou que considera a condenação inadequada e que irá recorrer.

    Associações de imprensa declararam que a decisão é "um grave equívoco".

    "A atual decisão judicial é um ataque à liberdade de expressão e ao livre exercício do jornalismo", afirmaram, em nota conjunta, a ANJ (Associação Nacional de Jornais), a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) e a Aner (Associação Nacional dos Editores de Revistas).

    Em pronunciamento no TCE nesta quinta (15), o conselheiro Ivan Bonilha afirmou que a sentença foi "bem fundamentada e estruturada", e destacou que ingressou no tribunal por concurso há 23 anos.

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