• Poder

    Sunday, 28-Apr-2024 10:32:01 -03

    Lava Jato

    Ex-líder de Lula e Dilma planeja novo partido em apoio ao governo Temer

    CATIA SEABRA
    DE SÃO PAULO

    26/12/2016 02h00

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    Candido Vaccarezza diz discutir com políticos dpara atriar novos filiados ao PTdoB, que agora comanda
    Candido Vaccarezza diz discutir com políticos dpara atriar novos filiados ao PTdoB, que agora comanda

    Líder dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e recém-saído do PT, o ex-deputado Cândido Vaccarezza assumiu, na última quinta-feira (22), o comando do PTdoB de São Paulo pregando apoio a Michel Temer (PMDB).

    Dizendo-se respaldado por ministros de Temer, Vaccarezza, que também foi secretário-geral petista, chega ao partido com o objetivo de fortalecer a sigla no Estado.

    Nascido como dissidência do PTB, o PTdoB será rebatizado em março, possivelmente de "Nova Democracia".

    Haverá também troca de número do partido, que hoje é 70. Vaccarezza admite estar conversando com parlamentares do PT, mas nega a intenção de atrair, exclusivamente, descontentes petistas.

    "Não queremos ser o PT dois. Não quero fazer contraponto ao PT. Nem tenho peso para isso", disse.

    Segundo Vaccarezza, a mudança do nome nasce da necessidade de afastar a ideia de que seja um desdobramento do PT. "E o nome PTdoB não quer dizer nada", justifica o ex-petista.

    Contrário à convocação de uma nova eleição presidencial, Vaccarezza diz que o partido "deve fazer parte da base do governo Temer e puxá-lo para avançar para o lado do povo".

    Ele também admite que conversou sobre sua filiação com ministros da chamada "cozinha" de Temer. "Quem faz campanha 'fora Temer' não tem base legal para defender eleição geral", declara.

    Ao responder se tem assediado parlamentares petistas, Vaccarezza diz que conversa com políticos de "diversos partidos". Mas que mantém amigos no PT.

    A esses petistas, Vaccarezza adiantou seu novo projeto político. Ele também contou seus planos ao presidente estadual do PTB, deputado estadual Campos Machado, e ao deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP).

    Vaccarezza repete que, com a busca de novos filiados, não tem a intenção de esvaziar o PT. Mas de garantir a sobrevivência do seu novo partido, inclusive obtendo espaço na Câmara.

    O objetivo é que a legenda chegue em março com seis deputados. Hoje, o PTdoB tem quatro, bancada que se dividiu durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

    Apesar da declaração de apoio de Vaccarezza a Temer, o deputado federal Silvio Costa (PTdoB-PE), um dos defensores do mandato de Dilma, já avisa que não concorda com esse posicionamento.

    "Já conversei com Vaccarezza. Acho que nem vamos precisar discutir. Talvez o governo Temer não resista até lá", diz Costa.

    INDICIAMENTO

    Líder do governo na Câmara dos Deputados entre janeiro de 2010 e março de 2012, Vaccarezza foi destituído do cargo pela então presidente Dilma Rousseff.

    Um dos pontos de conflito foi o fato de ele insistir numa aproximação com o PMDB, em detrimento da articulação sustentada pelo então ministro Aloizio Mercadante.

    Em 2014, Vaccarezza não conseguiu se reeleger para a Câmara, derrota que atribui ao PT. Em 2015, foi indiciado pela Polícia Federal sob acusação de recebimento de propina derivada de contratos da Petrobras. O inquérito foi arquivado.

    Em agosto, deixou o PT dizendo que o impeachment de Dilma não fora um golpe.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024