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    Itaipava queria que Lula fizesse propaganda de cerveja em palestra

    DE SÃO PAULO

    28/12/2016 16h34

    Divulgação
    Grupo petropolis - inauguração alagoinhas (BA)
    Fábrica do Grupo Petrópolis, dono da marca Itaipava, inaugurada em Alagoinhas (BA), em 2013

    E-mails interceptados na Operação Lava Jato mostram a direção da cervejaria Itaipava pedindo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizesse propaganda para a marca durante uma palestra em 2013.

    A mensagem foi escrita pelo diretor Douglas Costa, da Itaipava, e encaminhada por Walter Faria, dono do grupo, a Paulo Okamotto, dirigente do Instituto Lula e um dos assessores mais próximos do petista. A informação foi mostrada pelo jornal "O Estado de S.Paulo".

    O e-mail tratava de preparativos para um evento em 2013 em Alagoinhas (BA), que teria a participação de Lula e no qual seria inaugurada uma unidade da empresa.

    "Se o presidente puder falar que 'A cerveja Itaipava, por ser 100% brasileira, é a sua cerveja preferida' e, como falou na palestra de Atibaia 'Não bebo muita cerveja, mais [sic] quando bebo é Itaipava', seria ideal para nos dar força na chegada da marca na Bahia", diz a mensagem.

    A empresa pagou, de 2013 a 2015, um total de R$ 1,55 milhão por três palestras realizadas pelo ex-presidente. Além de Alagoinhas, ele esteve em Itapissuma (PE) e Atibaia (SP).

    Lula, de fato, fez vários elogios em sua fala no evento na Bahia. Disse que a cerveja Itaipava era "a melhor do mundo" e que gostaria de experimentar uma "cremosa" da marca.

    Em outra mensagem, o diretor da cervejaria afirmava que os empresários Emílio e Marcelo Odebrecht, o patriarca e o herdeiro da construtora, iriam acompanhar Lula no voo à Bahia.

    A aeronave era um jato Falcon, de 12 lugares, que pertencia à Odebrecht. A troca de e-mails sobre a palestra está em um laudo, público, anexado a uma das investigações sobre Lula.

    A Itaipava se tornou alvo da Lava Jato por conexões com a empreiteira Odebrecht. A PF apura a transferência de dinheiro da construtora fora do Brasil para uma conta de Walter Faria.

    Planilhas apreendidas também sugerem um elo entre os dois grupos, como pagamentos da empreiteira atribuídos a um "parceiro IT".

    OUTRO LADO

    A defesa de Lula diz que todas as palestras feitas pelo ex-presidente "têm origem em contratos privados firmados com a empresa LILS Palestras", que são lícitos e tiveram "os impostos recolhidos".

    "Tais palestras foram feitas com o mesmo valor de referência e nas mesmas condições para mais de 40 empresas de setores e países diversos", diz comunicado enviado pelo advogado Cristiano Zanin Martins.

    O advogado também reclama do "constante vazamento de dados relativos às atividades privadas" do ex-presidente e afirma que as investigações abertas "têm a única intenção de promover o desgaste da reputação e da imagem" de Lula.

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