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    Após crise em 2015, Beto Richa fecha ano com respiro no Paraná

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    02/01/2017 02h00

    Arnaldo Alves - 19.dez.16/ANPR
    O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), durante solenidade em Curitiba
    O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), durante solenidade em Curitiba

    Beto Richa (PSDB) ganhou menos cabelos brancos no ano que passou.

    O governador do Paraná, que enfrentou uma queda sem precedentes na sua popularidade em 2015, com greve, ajuste fiscal, protestos e professores feridos num confronto com policiais, termina 2016 com um respiro político.

    "Graças a Deus", disse Richa à Folha. "A situação é bem melhor."

    Com um ajuste iniciado há dois anos e duramente criticado, que tirou dinheiro da Previdência, elevou impostos e aumentou a taxação dos aposentados, o governo do Paraná teve condições de pagar os salários em dia e fechar o ano com superavit –coisa que outros Estados não têm conseguido fazer.

    Além disso, o tucano viu seu capital político crescer mesmo com baixa popularidade, com a eleição do aliado Rafael Greca (PMN) para a prefeitura de Curitiba, uma importante vitrine eleitoral, e o enfraquecimento dos eventuais adversários em 2018.

    O ex-senador Osmar Dias (PDT), que foi seu adversário em 2010, agora se aproxima de Richa. Foi homenageado pelo governador na última semana e ensaia uma eventual aliança. Já Gleisi Hoffmann (PT), ré na Operação Lava Jato, perdeu musculatura política junto com a investigação e o desgaste do PT no Estado.

    Apesar do respiro, a situação do tucano está longe de ser confortável. Richa ainda é desaprovado por 61% da população, segundo o instituto Paraná Pesquisas. Em 2015, o índice era de 71%.

    Apesar dos salários em dia, o governo anunciou que não irá conceder reajuste e progressões aos servidores como havia prometido, e foi criticado pelo "calote".

    "Qual é a grande obra do Richa? É pagar o décimo terceiro. Isso é obrigação", diz o deputado Requião Filho (PMDB), líder da oposição.

    A arrumação fiscal, hoje propagada como o grande legado de Richa, surgiu para corrigir excessos do próprio governo, que havia gastado mais do que podia, como afirmou o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo.

    Com o agravamento da crise econômica, porém, o ajuste ajudou o Paraná a diferir de outros Estados. "Quem sabe o Paraná hoje seria um Rio de Janeiro", diz Richa. "Nós nos antecipamos à crise."

    "Ele não se antecipou a nada; ele fez o ajuste porque precisava", afirma o deputado Tadeu Veneri (PT).

    Para a oposição, há um "artificialismo" no discurso de Richa, que não condiz com a reprovação das ruas.

    A imagem do tucano, ainda assim, melhorou nacionalmente. O secretário da Fazenda, que chegou a ser apelidado de "Maurinho malvadeza" ao chegar ao Estado, tem sido chamado por outros governadores e prefeitos para expor o que foi feito no Paraná.

    Richa voltou a ganhar moral entre tucanos de alta plumagem, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. "Ele fez a lição de casa, e hoje é um bom exemplo", afirmou à Folha ao visitar o Estado em dezembro.

    Para aliados, é "um craque", como diz o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB). Para adversários, dono de "um pragmatismo tipo 'toma lá, dá cá' que tem destruído a política", opina Veneri.

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