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    Após sucessão de gafes, Temer tenta agilizar correções

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    15/01/2017 02h00

    "Acho que caí numa pegadinha." Ainda era manhã daquele 12 de maio de 2016, seu primeiro dia como presidente da República interino, e Michel Temer desligava o telefone no terceiro andar do Palácio do Planalto com a sensação de que havia sido enganado.

    Um minuto e meio antes, do outro lado da linha, falava o radialista Jorge Garcia, da rádio "El Mundo", de Buenos Aires, que Temer pensou se tratar do presidente da Argentina, Mauricio Macri.

    O portunhol, explicam hoje amigos do peemedebista, atrapalhou desde o início, quando uma das telefonistas do Planalto recebeu a ligação e entendeu ser um chamado em nome do presidente do país vizinho.

    Apressou-se em transferir a um assessor do Planalto, que repassou aquilo que seria o primeiro cumprimento de um chefe de Estado ao novo presidente do Brasil.

    Acidentes de percurso

    Temer misturou palavras em português e em espanhol, chamou o radialista de "presidente" por duas vezes e disse que queria visitar a Argentina. Finalizou a conversa como se não tivesse notado nada de errado, mas, em seguida, disse a aliados ter percebido que não era Macri.

    Desconfiada, a equipe de Temer tratou o episódio como um trote, mas a rádio argentina divulgou o áudio da ligação em seu site como uma reportagem exclusiva.

    O aparente bom humor diante da primeira gafe de seu governo –minutos antes de ele começar de fato– não se repetiu em situações análogas ao longo dos 248 dias que Temer já passou como presidente.

    Ministros dizem que, quando auxiliares ou ele próprio cometem deslizes, o peemedebista costuma repetir que não tem compromisso com o erro e que corrigir é "natural na política".

    Passadas algumas dessas gafes, o presidente disse a assessores que não é preciso ter medo de mudar a atitude quando necessário. E tentou aplicar essa regra para emendar seu mais recente soneto.

    Após uma enxurrada de críticas por ter chamado de "acidente pavoroso" a chacina em presídio de Manaus, que matou 56 presos, o presidente calibrou o discurso e afirmou que facções criminosas promoveram uma "matança pavorosa" nas cadeias do Norte do país.

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