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    Restaurante de comida japonesa é suspeito de lavar dinheiro para Cabral

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    17/01/2017 02h01

    Marcos Tristão - 15.abr.2011/Agencia Globo
    Rio de Janeiro (RJ) 15 / 04 / 2011 Finalistas Agua na Boca- Manekineko Itanhanga. Foto Marcos Tristao / Agencia Globo ORG XMIT: 1254733 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O restaurante de comida japonesa Manekineko, no Rio de Janeiro

    A cadeia de restaurantes japoneses Manekineko está na mira de investigadores da Operação Calicute sob suspeita de ter participado da rede de lavagem de dinheiro usada, segundo o Ministério Público Federal, pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

    A empresa fez, em 2014 e 2015, transferências milionárias para o escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, acusado de ser o responsável por lavar parte da propina.

    Em outra ponta, relatório do Coaf detectou que sócios e funcionários do restaurante foram beneficiários de depósitos em dinheiro feitos por uma das secretárias da ex-primeira-dama.

    Se confirmado, não seria o primeiro caso de uso de uma empresa conhecida no Rio para dar aparência legal aos recursos.

    Dono de franquias do curso de inglês Brasas e de boliche na Barra da Tijuca, o empresário John O'Donnel já reconheceu à Polícia Federal que emitiu notas fiscais frias que foram usadas para "esquentar" dinheiro de um dos operadores de Cabral.

    A rede Manekineko tem seis restaurantes no Rio, sendo três na zona sul. O nome faz referência à figura oriental de um gatinho que acena, símbolo de prosperidade.

    Procurada, a empresa afirmou que não poderia se manifestar no momento. A defesa de Adriana Ancelmo não retornou os contatos.

    Cabral e a mulher estão presos sob acusação de participarem de uma quadrilha que cobrava até 6% de propina sobre contratos de obras do Estado.

    Relatório da Receita Federal afirma que em 2014 o Manekineko transferiu R$ 1 milhão para a banca da ex-primeira-dama. No ano seguinte, o escritório declarou ter recebido outros R$ 2,3 milhões da rede de restaurantes.

    Os R$ 3,3 milhões colocam o Manekineko como uma das principais fontes de pagamento ao escritório, acima de empresas de grande porte como EBX, Metrô Rio e Baskem -todas citadas em relatório do MPF como possíveis fontes de propina.

    O restaurante voltou ao radar dos investigadores ao aparecer em relatório do Coaf como destino de depósitos em dinheiro feito por Michelle Tomaz Pinto, gerente financeira do escritório de Adriana Ancelmo.

    De acordo com o documento do órgão da Fazenda, funcionários ou sócios da rede de restaurantes foram beneficiários de R$ 100 mil dos depósitos feitos em 2015. Investigadores querem saber a razão dos pagamentos e em qual volume ele de fato ocorreu.

    Pinto afirmou em depoimento que Luiz Carlos Bezerra, apontado pela Procuradoria como operador da propina de Cabral obtida em obras públicas, levava dinheiro vivo numa mochila para o escritório da ex-primeira-dama.

    OUTRO LADO

    A rede de restaurantes Manekineko não comentou a investigação contra a empresa por suspeita de lavagem de dinheiro da propina do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) via o escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.

    A gerência de marketing da rede afirmou que o responsável pela empresa só poderia se manifestar na próxima quinta-feira (16).

    A defesa da ex-primeira-dama não retornou as ligações da Folha.

    Em depoimento no dia da deflagração da Operação Calicute, Adriana Ancelmo afirmou que poderia comprovar a prestação de serviço para todas as empresas que lhe repassaram recursos.

    A mulher de Cabral, porém, se recusou a dar detalhes sobre cada depositante alegando sigilo profissional.

    A defesa do ex-governador Cabral também não retornou as ligações da reportagem. Em depoimento, ele negou cobrar propina sobre contratos de obras públicas.

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