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    Federação de funcionários da PF apoia procuradora que criticou delegados

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    19/01/2017 15h45

    Divulgação/Polícia Federal
    OPERAÇÃO MEFISTO COMBATE EXPLORAÇÃO SEXUAL INFANTOJUVENIL NO RN
    Policiais federais cumprindo mandado em operação de combate à exploração sexual

    A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), entidade que representa as carreiras da Polícia Federal, divulgou nota em que se posiciona de acordo com as declarações da procuradora da República Thaméa Danelon, do Ministério Público Federal de São Paulo, que, em entrevista à Folha, classificou como "dispensável" a participação de delegados na negociação dos acordos de delação premiada.

    "A Fenapef entende que a delação premiada, por ser um instrumento processual que envolve redução de pena, deve ser protagonizado pelo Ministério Público", diz a nota da entidade.

    O posicionamento da federação expõe que a crise de relacionamento envolvendo delegados federais não se resume ao contato com os procuradores. Agentes e delegados têm entrado em confronto em diversos assuntos e a categoria está rachada.

    A nota da Fenapef ainda diz que "os delegados federais insistem na extrapolação das suas atribuições policiais em mais uma tentativa de adentrar em competências jurídicas e não policiais, quando deveriam se preocupar em promover a eficiência da investigação criminal, pois o inquérito policial é um modelo burocrático que impede a celeridade que é fundamental para a coleta de evidências e provas para materializar o crime e apontar os culpados".

    E diz ainda que "não por acaso que os índices de solução dos crimes do Brasil são vexatórios e preocupantes, levando à impunidade". Na entrevista à Folha, a procuradora Thaméa também tinha classificado como "dispensável" o inquérito policial.

    "Nessa polêmica, os delegados tentam cada vez mais judicializar suas funções, distorcendo a função da Polícia Federal que foi criada para investigar, não para julgar, condenar ou denunciar. Os delegados estão no afã de quererem promover iniciativas mais motivadas por vaidade ou busca de poder do que voltadas para resolver os problemas de segurança pública do país", diz a nota da Fenapef.

    A federação conclui o informe apoiando a procuradora. "Nesse sentido, a Federação Nacional dos Policiais Federais, que representa os policiais federais brasileiros, concorda com as considerações da procuradora da República Thaméa Danelon, em entrevista à 'Folha de S.Paulo'. Quem abre a possibilidade da delação premiada e seleciona os potenciais investigados qualificados para usufruí-la é a Polícia Federal, mas o titular da ação penal é quem deve fazer o procedimento formal."

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