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    Morte na Lava Jato

    Morte de Teori é recebida com perplexidade no meio jurídico

    WÁLTER NUNES
    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    19/01/2017 18h49 - Atualizado às 22h24

    A notícia do acidente que vitimou o ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal) foi recebida com perplexidade no meio jurídico. "Lamentável. Um grande juiz, um sujeito extraordinário", disse o ex-ministro do STF Nelson Jobin, um dos mais próximos a Teori.

    O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que trabalhou pela indicação de Teori ao Supremo, recebeu a notícia em viagem à Espanha. "É um grande jurista e uma das pessoas mais equilibradas que conheci ao longo da minha vida. Competente, sério e imparcial", disse Cardozo.

    Amigo pessoal do ministro, o advogado Sigmaringa Seixas, ex-deputado federal pelo PT, também trabalhou pela indicação de Teori à mais alta corte do país. "Ser ministro do STF era natural na carreira dele. Ele tinha formação jurídica sólida e sua indicação recebeu aplausos do mundo jurídico. Seus votos eram cuidadosos e elaborados. Julgava sempre com isenção e equilíbrio."

    Celso Vilardi, advogado que atuou nos acordos de delação da Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, na Lava Jato, declarou que "o Supremo perde um de seus melhores ministros; um homem vocacionado e entregue ao trabalho. Embora discreto, foi um dos grandes personagens da Lava Jato".

    A postura sóbria de Teori foi o que chamou a atenção do advogado Pierpaolo Bottini, que atua na Lava Jato e é professor da Faculdade de Direito da USP. "Teori era um foco de racionalidade e bom senso, um juiz na verdadeira acepção da palavra. O julgador ideal para os tormentosos casos dos quais cuidava. Imparcial e discreto, falava nos autos e não na televisão, atributo essencial de um magistrado. Fará muita falta nesses tempos tormentosos".

    Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente Lula, enviou nota dizendo que "é uma grande perda para o País, pois o ministro Teori se distinguia pela observância da legalidade, pela serenidade e discrição e pela imparcialidade. Deixa um legado doutrinário de peso e decisões com enorme densidade jurídica".

    José Roberto Batochio, que também defende Lula e o ex-ministro Antonio Palocci, disse que e Teori era "um magistrado equilibrado, justo, comprometido com os superiores interesses da Justiça. Um cidadão virtuoso e um paradigma. Essa é uma perda incomensurável".

    Para Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do senador Romero Jucá e do ex-ministro Edison Lobão, "Teori foi um homem seríssimo, era o homem certo num processo dificílimo por causa de certas arbitrariedades. Ele não se preocupava com a mídia, não sentia a pressão. É realmente uma perda porque ele era um juiz de verdade".

    Alberto Toron, advogado, declarou que "Teori era um juiz sério e competente. Sabia o que falava e só falava o que sabia. Era um juiz à moda antiga, só falava nos autos e nas sessões de julgamento. No processo penal revelou-se um juiz preocupado com as garantias dos acusados e intransigente com elas. É uma perda para a cidadania."

    O ex-presidente do STF Joaquim Barbosa afirmou que Teori "era um juiz primoroso sobre o qual repousavam, nesse delicado momento por que passa o país, enormes responsabilidades".

    "Teori ascendeu ao Supremo quando eu exercia a presidência da Corte. Empossei-o no finalzinho de 2012", afirmou por meio da internet. "Eu tinha grande admiração pelo trabalho que o Teori vinha realizando no Supremo. Fará muita falta ao país, sem dúvida."

    SISTEMA FINANCEIRO

    Os presidentes do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, e do conselho de administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, também manifestaram pesar em razão da morte de Teori.

    "Manifesto os mais sinceros sentimentos à família do ministro Teori Zavascki, diante da morte prematura e trágica. O país perde um cidadão exemplar e o STF, um modelo de magistrado", disse Caffarelli.

    Já Brandão apenas resumiu a perda de Teori com: "a nação está de luto."

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