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    Morte na Lava Jato

    Temer viveu angústia de três horas até receber confirmação da morte de Teori

    GUSTAVO URIBE
    DÉBORA ÁLVARES
    DE BRASÍLIA
    DANIELA LIMA
    DE SÃO PAULO

    20/01/2017 02h00

    Pedro Ladeira - 5.out.2016/Folhapress
    Michel Temer, durante solenidade no Supremo Tribunal Federal
    O presidente Michel Temer, que acionou comandante da Aeronáutica para ter notícias sobre Teori

    O presidente Michel Temer viveu ao menos três horas de agonia antes de se pronunciar formalmente, por volta das 19h30, sobre a morte do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki. Ele decretou luto de três dias em homenagem ao magistrado, a quem classificou como "impecável".

    Ainda durante a tarde Temer havia recebido um telefonema de um juiz auxiliar do magistrado, que informava sobre o desaparecimento de sua aeronave e pedia ajuda. O presidente estava com um senador, em audiência.
    Desligou o telefone. "Ai meu Deus, não acredito", disse. E passou às providências práticas.

    Temer acionou o comandante da Aeronáutica, Nivaldo Rossato, e ordenou que ele acompanhasse pessoalmente o caso, dando informes sobre sua evolução.

    Decidiu não travar a agenda oficial sem uma confirmação da morte, e participou, visivelmente consternado, de uma solenidade com embaixadores. Durante o evento, recebeu informações sobre as buscas por Teori.

    A confirmação do que ele chamou depois de um "doloroso acontecimento" só chegou mais tarde, pelo Ministério da Defesa, quando Temer já estava em seu gabinete. "O luto é uma homenagem modesta a quem sempre serviu à classe jurídica, aos tribunais e ao povo brasileiro", disse no pronunciamento.

    Atônitos, muitos políticos tentaram telefonar para Temer em busca de informações. Poucos conseguiram falar. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, por exemplo, estava em uma audiência com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quando as notícias sobre o acidente com Teori começaram a surgir, às 17h.

    Aécio saiu sem falar com a imprensa e passou a buscar informações. "Não é possível isso. Que loucura", desabafou. O senador recorreu ao Planalto em busca de notícias e só se pronunciou após confirmação da família de Teori.

    Em nota, disse que estava "profundamente impactado com a tragédia". "O Brasil tem uma grande dívida de reconhecimento e gratidão com o ministro, pela forma equilibrada e responsável com que ele conduziu um dos momentos mais difíceis da história do país", escreveu.

    Alckmin soube de que a morte de Teori havia se confirmado por assessores. "Tragédia. Era o melhor do STF", desabafou em privado. Em nota, afirmou que Teori "era uma das pessoas mais lúcidas e coerentes do Judiciário".

    "Em seu trabalho criterioso, que há de ter continuidade, milhões e milhões de brasileiros depositavam a esperança de um país melhor e mais justo", escreveu o governador.

    Responsável pela nomeação de Teori ao Supremo, a ex-presidente Dilma Rousseff emitiu uma nota sua morte. "Perdemos um grande brasileiro", escreveu a petista. "Tive o privilégio de indicá-lo para ministro. Desempenhou esta função com destemor, como um homem sério e íntegro."

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