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    Morte na Lava Jato

    Investigação sobre causas do acidente começa nesta sexta-feira

    ELIANE TRINDADE
    FABRÍCIO LOBEL
    RAFAEL BALAGO
    DE SÃO PAULO

    20/01/2017 02h40

    Equipes da Aeronáutica e da Polícia Federal deverão iniciar logo na manhã desta sexta-feira (20) as investigações sobre as causas da queda do bimotor King Air C90, na baía de Paraty.

    Os militares do Seripa 3, órgão regional de investigação de acidentes aéreos vinculado à Aeronáutica e com sede no Rio de Janeiro, chegaram em Paraty durante a noite desta quinta-feira (19).

    Além dos militares, que estarão focados em achar possíveis falhas na segurança de voo, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal também abriram um inquérito sobre o caso, que pode resultar em eventuais condenações.

    Paralelamente às investigações da PF e do MPF, o Ministério Público do Rio de Janeiro também determinou a instauração de inquérito policial para apurar as causas da queda do avião. A Promotoria diz que acompanha o caso com a Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MPRJ, dando apoio à apuração, e que vai aguardar a perícia do Cenipa para avaliar os próximos passos da investigação.

    As análises sobre as causas do acidente poderão levar meses, porém. O avião decolou do Campo de Marte, em São Paulo, às 13h01 e deveria ter chegado ao aeroporto de Paraty (RJ) por volta das 13h45.

    No entanto, o bimotor que levava o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki e o empresário Carlos Alberto Filgueiras, 69, dono do hotel Emiliano, caiu cerca de 2 km antes da pista, próximo à Ilha Rasa.

    Como o pouso em Paraty ocorre no sentido do mar para o continente, é possível que o avião tenha caído durante a tentativa de pouso.

    O aeroporto da cidade é pequeno e destinado apenas a aeronaves de menor porte. Não há, por exemplo, uma torre de controle para gerenciar a chegada e partida dos aviões, como ocorre em grandes aeroportos. O piloto que se aproxima do aeroporto da cidade para um pouso se orienta por referências visuais.

    Segundo relatórios meteorológicos, no momento da queda, chovia forte, havia ocorrência de raios e muitas nuvens sobre Paraty.

    Para o especialista em aviação Lito de Sousa, a condição climatológica será analisada pela investigação. "O ponto em que ele caiu é estranho. Dá a impressão de desorientação espacial", observa.

    Caso a aeronave tenha caixa-preta com gravador de voz (o modelo não dispunha de caixa-preta que registra dados dos voos), o áudio dos últimos instantes do voo poderão confirmar esta tese ou mostrar outros fatores contribuintes para o acidente. "Ainda não sabemos nada do que ocorreu durante o voo. É preciso aguardar mais dados da investigação", diz Souza.

    A desorientação espacial foi um dos principais elementos causadores do acidente aéreo que matou o ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência Eduardo Campos, em 2014.

    Segundo o relatório final da Aeronáutica, os pilotos não seguiram os procedimentos corretos em condições meteorológicas adversas.

    O piloto e presidente do sindicato nacional dos aeronautas, Rodrigo Spader, diz ser necessário aguardar o pronunciamento das autoridades de investigação.

    "Um acidente decorre normalmente de diversos fatores, de forma que levantar hipóteses pode dar entendimento errado das reais causas desta fatalidade".

    VÍTIMAS

    O Grupo Emiliano, dono da aeronave, não sabe informar ao certo quem estava a bordo da aeronave. Além do empresário Carlos Alberto Filgueiras, 69, dono do Hotel Emiliano, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, 68, o piloto Osmar Rodrigues, 56, haveria ainda duas mulheres no avião.

    "O hangar é que tem que saber e informar", afirma a assessoria do grupo. Segundo o plano de voo apresentado à Aeronáutica, a viagem estava prevista para levar apenas o piloto e três passageiros.

    Nenhuma das vítimas foi retirada dos destroços que permanecem sob a água. Segundo os Bombeiros em Paraty, as condições climáticas impediram o resgate dos corpos na noite de quinta-feira.

    Os corpos deverão ser levados ao instituto Médico Legal de Angra dos Reis. A Polícia Científica do Rio de Janeiro deslocou peritos para auxiliar na identificação dos corpos.

    HANGAR

    As horas após a queda do avião foram movimentadas no hangar de Campo de Marte, onde o bimotor King Air era guardado e onde os passageiros do voo embarcaram.

    Por volta das 19h, um funcionário chegou ao hangar da empresa TAG. Ele disse ser responsável pelas câmeras de segurança do local e começou a recolher computadores do hangar. Minutos depois, membros da Aeronáutica e da Polícia Federal também estiveram no local em busca das imagens do circuito interno.

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