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    Lava Jato

    Alvo da Lava Jato, Eike é incluído na lista de procurados da Interpol

    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA

    26/01/2017 17h27 - Atualizado às 17h59

    Alan Marques/Folhapress
    CPI do BNDES ouve o empresário Eike Batista, fundador do Grupo EBX, nesta terça-feira, em Brasília (DF)
    O empresário Eike Batista, fundador do grupo EBX

    O nome do empresário Eike Batista, alvo de um mandado de prisão preventiva da operação Eficiência, braço da Lava Jato deflagrado nesta quinta (26), no Rio, foi incluído na difusão vermelha da Interpol (Polícia Internacional).

    O empresário não foi encontrado na manhã desta quinta em sua residência na capital fluminense e formalmente é considerado foragido pela PF, já que passou a ser incluído no sistema de busca e captura da Interpol.

    A defesa de Eike, porém, informou que negocia com as autoridades brasileiras o retorno do empresário, que está nos Estados Unidos, ao país. O advogado Sérgio Bermudes, que representa Eike em causas cíveis, nega que o empresário tenha viajado com o objetivo de escapar da Justiça.

    Eike Batista é suspeito de ocultar US$ 16,5 milhões de propina de Cabral (PMDB) no exterior. A PF ficou cerca de quatro horas na residência do empresário no Jardim Botânico, zona sul do Rio, onde também cumpriu mandado de busca e apreensão. Os policiais deixaram a casa por volta das 10h.

    A operação desta quinta investiga crimes de lavagem de dinheiro e ocultação no exterior de cerca de U$ 100 milhões em remessas contínuas desde 2002. De acordo com a PF, boa parte dos valores já foi repatriada.

    Segundo os procuradores, a organização criminosa liderada por Cabral movimentou R$ 39,7 milhões entre agosto de 2014 a junho de 2015.

    Ao todo foram expedidos nove mandados de prisão preventiva e quatro de condução coercitiva, além de 27 mandados de busca e apreensão de acordo com notas emitidas pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

    Das prisões decretadas nesta fase pelo juiz Marcelo Bretas, da sétima vara federal do Rio, já estão detidos o ex-governador Sérgio Cabral, seu ex-secretário Wilson Carlos e o assessor Carlos Miranda. Esse é o terceiro mandado de prisão expedido contra eles.

    Quatro pessoas foram presas: o advogado Flávio Godinho, vice-presidente de futebol do Flamengo, Thiago Aragão (sócio de Adriana Ancelmo), Álvaro Novis (doleiro) e Sérgio de Castro Oliveira (operador suspeito de abastecer Carlos Miranda). Francisco Assis Neto, outro suspeito de integrar o esquema, ainda não foi localizado.

    Godinho é acusado de lavar dinheiro no esquema de pagamento de propinas direcionadas à Cabral, com uso de contratos fictícios.

    Entre os alvos de condução coercitiva estão a ex-mulher de Cabral, Susana Cabral, o irmão do ex-governador, Maurício Cabral, Eduardo Plass, ex-gestor TAG Bank e da Opus, e de Luiz Arthur Andrade Correia, que já fora preso na 34ª fase da Lava Jato, em setembro.

    A Folha ainda não conseguiu contato com a defesa dos demais alvos.

    DEPOIMENTO ESPONTÂNEO

    Eike já havia sido citado na Operação Calicute -primeira etapa da Lava Jato no Rio, que prendeu o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ)- por ter repassado R$ 1 milhão ao escritório de advocacia da ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo. Ela está presa desde dezembro, sob acusação de usar a banca para movimentar a propina arrecadada pela quadrilha.

    Em depoimento espontâneo aos procuradores, Eike disse que esse pagamento se referia a um investimento orientado pela Caixa Econômica Federal.

    De acordo com a força-tarefa da Lava Jato no Rio, a Caixa negou ter sugerido a operação financeira.

    O empresário manteve relação próxima com Cabral e sua família, tendo financiado políticas públicas no Rio -como a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas e as Unidades de Polícia Pacificadora-, bem como momentos de lazer do casal. O ex-governador e a mulher viajaram 13 vezes em jatos do empresário, tanto a turismo e para compromissos oficiais, como revelou a Folha no dia 8.

    Em 2016, o empresário também depôs espontaneamente à força tarefa da Lava Jato em Curitiba -seu testemunho ao Ministério Público Federal resultou no pedido de prisão de Guido Mantega. Eike afirmou que o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu-lhe um pagamento de R$ 5 milhões para o PT, em novembro de 2012.

    Na época, Mantega era presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Sob orientação do partido, ele teria firmado um contrato fraudulento com uma empresa do casal de publicitários João Santana e Mônica Moura, para realizar as transferências.

    Os pagamentos foram feitos no exterior, num total de US$ 2,35 milhões.

    Operação Eficiência: 2ª fase da Lava Jato no Rio

    OPERAÇÃO EFICIÊNCIA
    Investigação aponta elo de propina entre Eike Batista e Sérgio Cabral

    O PRINCIPAL ALVO

    > Juiz decretou prisão do empresário Eike Batista, que não foi encontrado no Rio. Segundo a defesa, está em viagem aos EUA e vai se apresentar em breve

    > Ele é suspeito de repassar US$ 16,5 milhões para uma conta no Uruguai, que, segundo delatores, tinha Cabral como beneficiário

    OUTROS MANDADOS DE PRISÃO

    > Flávio Godinho (advogado, braço direito de Eike)
    > Thiago Aragão (sócio de Adriana Ancelmo)
    > Álvaro Novis (doleiro)
    > Sérgio de Castro Oliveira (operador)

    Não encontrado:
    Francisco Assis Neto (suspeito de receber R$ 7,7 milhões)

    JÁ ESTAVAM PRESOS
    > Sérgio Cabral (ex-governador)
    > Carlos Emanuel Miranda (assessor de Cabral)
    > Wilson Carlos Carvalho (ex-secretário estadual)

    22 mandados de busca e apreensão
    Foram recolhidos pela Polícia Federal 18 carros, entre eles um Lamborghini e um Porsche, obras de arte, relógios, joias e aproximadamente R$ 100 mil

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