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    Lava Jato

    Tom Zé compõe 'Queremos as Delações' para cobrar homologação

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE SÃO PAULO

    28/01/2017 12h00

    Eduardo Anizelli - 22.set.2016/Folhapress
    O cantor Tom Zé, que compôs música sobre delações premiadas
    O cantor Tom Zé, que compôs música sobre delações premiadas

    Michel Temer falou uma coisa, e Tom Zé entendeu outra. "Quando o presidente declarou três dias de luto, engraçado, ouvi três dias de festa."

    Refere-se ao luto que se seguiu à morte do relator da Lava Jato, Teori Zavascki, num acidente de avião há dez dias.

    Para o músico, ficou claro que muitos políticos implicados na operação da Polícia Federal choraram publicamente e em particular respiraram aliviados com a saída de cena do ministro do Supremo Tribunal Federal.

    Ele acordou às 3h30 da madrugada de sexta-feira (27) com isso na cabeça. "Estava pensando: 'Nossa senhora, esse negócio das delações tá tão no coração de todo mundo, era ótimo fazer uma música."

    Dito e feito. Acordou, foi para a ginástica na piscina às 6h e de lá seguiu para a casa do amigo e produtor Paulo Lepetit. Juntos compuseram "Queremos as Delações", liberada no mesmo dia na internet.

    A faixa cobra agilidade para homologar os depoimentos de 77 executivos da Odebrecht, que podem respingar em políticos de todas as matizes, como Temer (PMDB), Lula (PT) e Aécio Neves (PSDB). Há temor de que a morte de Teori atrase o processo.

    Ouça no soundcloud

    A explicação que acompanha a novidade vai direto ao ponto: "Pessoal, esta canção fiz com Paulo Lepetit pra gente torcer pela publicação das delações, que há quem esteja interessado em esconder".

    "Estamos pagando por elas vintém a vintém. Sofremos com elas do Rio de Janeiro a Belém", diz um dos trechos. O "grand finale": "Logo, logo esse baralho/ Homologa esse cascalho".

    "Queremos as Delações" não é o único pitaco de Tom Zé na recente crise política brasileira. Em julho de 2016, ele disse ao diário português "Diário de Notícias" que "o Brasil está entupido de Hitlers". E emendou: "São os que estão no poder". Na época, Temer era presidente interino do país, após o afastamento temporário de Dilma Rousseff.

    Tom Zé diz acreditar que Lula tem culpa no cartório, mas também simpatiza com familiares que "acham que a Lava Jato está carregando muito em cima de uma só coisa" –no caso, petistas.

    Mas ele vê seu hino anticorrupção como suprapartidário.

    "Eu fiz porque esse negócio de querer as delações me parecia uma frente ampla nacional, sejam petralhas ou coxinhas. É uma angústia e um horror nacional a essa bandidagem política."

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