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    Lava Jato

    Operador relata repatriação de propina paga por Eike a Cabral

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    01/02/2017 02h00

    Ricardo Borges/Folhapress
    O empresário Eike Batista, preso na Operação Lava jato, chega à sede da Policia Federal no Rio, onde deve prestar depoimento
    O empresário Eike Batista, preso na Operação Lava jato, chega à sede da Policia Federal no Rio, onde deve prestar depoimento

    O operador do mercado financeiro Renato Hasson Chebar afirmou à força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio que repatriou a propina paga pelo empresário Eike Batista ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) por meio do recente programa de regularização de ativos no exterior.

    O programa vetava repatriação de dinheiro sujo. Os contribuintes recebiam apenas anistia a crimes relacionados ao envio dos recursos não declarados ao exterior –como sonegação fiscal–, mas não delitos como corrupção.

    De acordo com o relato, o peemedebista acabou perdendo quase três quartos dos recursos ilegais obtidos junto ao empresário. As ações nas quais investiu perdeu valor no período.
    Chebar disse aos procuradores que em 2015, quando decidiu interromper o serviço prestado a Cabral, iniciou discussão com escritório de advocacia para regularizar os ativos. A repatriação ocorreu, segundo o relato, em 2016.

    "O escritório [de advocacia], em 2015, adotou os procedimentos para pagamento de multas para regularizar os ativos no exterior, e o colaborador, em 2016, efetuou a repatriação dos recursos, devido à lei de anistia", afirmou Chebar em depoimento.

    O dinheiro, segundo o relato dos delatores, estava depositada numa conta no banco Winterbotham, no Uruguai. O total transferido a mando de Eike em 2011 foi de US$ 16,5 milhões, por meio de ações da Petrobras, Vale e Ambev. Em razão da desvalorização dessas empresas na bolsa, o valor repatriado foi quase um quarto do total: US$ 4,2 milhões.

    Segundo Chebar, as ações foram vendidas e os recursos "aplicados em títulos" no Brasil. O valor final recuperado pela Justiça Federal foi ainda menor, segundo a Procuradoria: US$ 1,6 milhão.

    O programa de repatriação permitiu que recursos não declarados no exterior fossem regularizados mediante multa e imposto de 30%.

    Ele concedia anistia relativa a crimes de sonegação fiscal, apropriação indébita, tributários, evasão de divisas e lavagem de dinheiro relativa a esses delitos. A repatriação, porém, não isenta crimes de corrupção, caso em que Cabral é acusado, ou caixa dois.

    Contudo, basta declaração de que a origem do recurso é lícita às autoridades para que o dinheiro possa ser regularizado. O delator não foi questionado sobre como os recursos foram repatriados.

    OUTRO LADO

    A defesa de Chebar afirmou que não comentaria os termos da delação em razão da confidencialidade.

    Os advogados de Sérgio Cabral não retornaram as ligações. Eike Batista afirmou em depoimento que só comentaria o caso na Justiça.

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