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    Temer é hostilizado ao visitar Lula em hospital em São Paulo

    JOSÉ MARQUES
    CÁTIA SEABRA
    DE SÃO PAULO
    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA
    MARINA DIAS
    ENVIADA ESPECIAL A SÃO PAULO

    02/02/2017 22h58 - Atualizado às 00h03

    Eram 22h30 desta quinta-feira (2) quando o presidente Michel Temer (PMDB) chegou ao hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, acompanhado de uma comitiva de pelo menos quinze aliados para visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Temer entrou pela porta principal do hospital e foi hostilizado por cerca de dez simpatizantes petistas, que o chamaram, aos gritos, de "assassino" e "golpista". Ele, porém, sorriu e não respondeu aos ataques.

    A comitiva de Temer ficou meia hora dentro do hospital. O presidente, que estava apressado e nervoso, assim como seus aliados, cumprimentou Lula em uma sala reservada na presença do ex-ministro Jaques Wagner e do ex-prefeito de São Bernardo do Campo (SP) Luiz Marinho –os dois petistas mais próximos ao ex-presidente atualmente.

    Lula recebeu a comitiva liderada por Temer agradecendo o gesto e dizendo estar feliz com o fato de eles terem deixado "a disputa política" de lado para levar a ele votos de solidariedade.

    Segundo pessoas que participaram da reunião, Lula estava falante, embora visivelmente abatido, com os olhos inchados e vermelhos. Por mais de um vez ele teria enfatizado o quão importante é diferenciar o que é política do que é relação humana.

    O presidente decidiu de última hora viajar à capital paulista depois de ter sido comunicado da gravidade do quadro da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que sofreu um AVC na semana passada e perda do fluxo cerebral nesta quinta. Sua situação é considerada irreversível. Depois disso, a família autorizou procedimento de doação de órgãos.

    Ao lado de Temer, que foi recebido na porta pelo médico de Marisa e Lula, Roberto Kalil, estavam o ex-presidente José Sarney (PMDB) e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Henrique Meirelles (Fazenda), Dyogo Oliveira (Planejamento), José Serra (Relações Exteriores), Helder Barbalho (Integração Nacional) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

    Também integraram o grupo os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Eduardo Braga (PMDB-AM), Romero Jucá (PMDB-RR), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), e o presidente da Casa, Eunicio Oliveira (PMDB-CE).

    Pouco antes da chegada de Temer e sua comitiva, que não quis falar com jornalistas, deputados e ex-ministros do PT foram ao hospital prestar solidariedade a Lula.

    A senadora e ex-petista, Marta Suplicy (PMDB-SP), também foi ao Sírio. Sua passagem foi rápida e, de acordo com relatos, até um pouco constrangida.

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também visitou o petista nesta quinta.

    Segundo o ex-ministro José Gregori, que acompanhou FHC, Lula se emocionou ao se lembrar da última conversa que teve com Marisa.

    Lula contou que deixou a mulher bem ao sair de casa e só voltou a vê-la já no hospital.

    Ainda segundo Gregori, FHC disse saber o que Lula estava sentindo.

    "Passei por isso", afirmou FHC, segundo relatos.

    Ao contrário de Temer, FHC entrou no hospital por uma porta lateral e não foi visto por jornalistas.

    Lula disse que ficou feliz em ter recebido uma visita de FHC, com quem não falava há anos.

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