• Poder

    Sunday, 28-Apr-2024 20:19:47 -03

    Advogado, Moraes tentou beneficiar réus no mensalão

    WÁLTER NUNES
    DE SÃO PAULO

    08/02/2017 02h00

    Alan Marques - 6.jan.2017/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 06.01.2017 O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, dá entrevista sobre o plano de segurança pública do governo Temer, no Palácio do Planalto. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    Alexandre de Moraes, indicado por Temer para uma vaga no STF

    No início do julgamento do mensalão, em 2012, o advogado Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça do governo Lula, tentava convencer os ministros do STF de que a ação deveria ser desmembrada, enviando para a primeira instância o caso dos 35 réus que não tinham foro privilegiado.

    Só deveria ficar no Supremo, segundo Bastos, o que se referia aos três réus deputados federais.

    Para isso, Bastos contratou um parecer do colega Alexandre de Moraes. Em 64 páginas, Moraes sustentou que era inconstitucional o STF julgar diretamente réus sem foro. Se a tese fosse aceita, o cliente de Bastos, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado e outros réus, como José Dirceu, ganhariam tempo com o envio das ações às instâncias inferiores.

    Os ministros, porém, entenderam que a unificação do processo em casos que envolvem autoridades com prerrogativa de foro estava de acordo com o Código de Processo Penal e o julgamento seguiu no STF.

    Moraes teve melhor sorte no STF quando defendeu o ex-deputado federal Eduardo Cunha, preso na Operação Lava Jato. O ex-presidente da Câmara foi acusado de usar documentos falsos para paralisar uma investigação no TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro).

    O tribunal apurava irregularidades na Companhia de Habitação do Rio de Janeiro, presidida por Cunha entre 1999 e 2000. A investigação que começou em 2002 só foi aceita no Supremo em 2013.

    No ano seguinte Moraes conseguiu convencer os ministros de que Cunha era inocente. A oposição ao governo Temer no Senado já adiantou que a relação de Moraes com Cunha será alvo de questionamentos na sua sabatina.

    Outro caso veio à tona em 2015, quando o jornal "O Estado de S. Paulo" noticiou que o nome dele aparecia no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em 123 processos da cooperativa Transcooper, investigada sob suspeitas de envolvimento em lavagem de dinheiro e corrupção para beneficiar a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

    Na ocasião, Moraes disse que seu escritório havia participado só de causas de responsabilidade civil por acidentes automobilísticos para a Transcooper até janeiro de 2015, "quando houve o encerramento do contrato com transferências de todos os casos para outros escritórios".

    Moraes formou-se na Faculdade de Direito da USP em 1990. Deu aulas na USP e na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Escreveu livros jurídicos de direito constitucional, direito penal, direitos humanos e sobre agências reguladoras.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024