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    Procuradoria acusa 9 pela lavagem de R$ 26 milhões em propina do metrô

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    10/02/2017 20h46

    O Ministério Público Federal de São Paulo apresentou acusação nesta sexta (10) contra executivos da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e de empresas que fizeram o trecho inicial da linha 5 - lilás do Metrô por lavagem de dinheiro de corrupção, no valor de R$ 26,3 milhões.

    A obra custou R$ 527 milhões em valores de 2002, quando foi concluído o primeiro trecho da linha. A propina que passou pelas empresas de consultoria corresponde a 5% do valor do contrato, de acordo com a peça do Ministério Público.

    Nove pessoas são acusadas de lavar dinheiro de propina que assegurava o funcionamento de um cartel usando empresas falsas de consultoria e contas no exterior.

    O procurador Rodrigo de Grandis, autor da denúncia, afirma que o cartel era integrado por seis multinacionais (Siemens, Alstom, Daimler-Chrysler Rail, ADTranz, Mitsui e CAF) e foi articulado entre 1999 e 2000, no governo do tucano Mário Covas.

    Seis executivos dessas empresas são apontados como os responsáveis pelo cartel e pelo pagamento de suborno.

    Dois ex-diretores da CPTM (José Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio) são acusados de montar uma empresa para receber propina da Alstom.

    A investigação aponta que Zaniboni movimentou US$ 464 mil em conta secreta na Suíça e, posteriormente, o dinheiro foi trazido para o Brasil. O doleiro Marco Antonio Cursini contou em delação ter feito as transferências para o ex-diretor da CPTM.

    Olivier Hossepian Salles de Lima, que ocupou a presidência da CPTM entre 1999 e 2003, também foi beneficiado com recursos de propina, mas, segundo De Grandis, os crimes estão prescritos porque o executivo tem mais de 70 anos (a partir dessa idade, os crimes prescrevem na metade do tempo previsto no Código Penal). Isso ocorreu com outros cinco investigados, segundo comunicado do Ministério Público Federal.

    O lobista Arthur Teixeira é acusado de ter sido o intermediário do suborno.

    O dinheiro da propina circulou por cinco países (Alemanha, Inglaterra, Luxemburgo, Suíça e Uruguai). Todos colaboraram com a investigação feita por De Grandis.

    O procurador pediu que a apuração seja remetida ao Supremo por causa dos novos documentos reunidos nos pedidos de cooperação internacional.

    O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) já foi investigado pela suposta participação no esquema, mas o ministro Marco Aurélio Mello decidiu excluí-lo da apuração em junho de 2014 por falta de provas.

    De Grandis afirma em comunicado da Procuradoria que nem todos os políticos beneficiados pelo esquema foram identificados.

    Em nota, a CPTM e o Metrô diz que "são os maiores interessados na apuração dos fatos, com intuito de que os responsáveis sejam punidos na forma da lei e que haja restituição dos prejuízos aos cofres públicos".

    Ainda segundo a nota, as duas empresas vêm colaborando com a Justiça.

    A Alstom afirma colaborar com as autoridades, mas ressalvou que não poderia comentar as acusações porque não foi notificada pela Justiça.

    A Folha não conseguiu contado com as outras empresas nem com os advogados dos acusados.

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